sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

De você.

Saudade de você. Saudade do teu sorriso, da tua risada. Saudade da tua mão na minha, dos teus olhos nos meus, do teu corpo no meu. Da tua alma na minha. Saudade de você falando sem parar e do seu silêncio incansável. Saudade de você assistindo filme no meu colo, conversando no meu colo, cantando no meu colo, dormindo no meu colo. Saudade de você sempre no meu colo. Saudade dos teus olhos de chocolate, de criança que brinca e de mulher que também brinca. Saudade de te mimar, de te fazer carinho e de te fazer dormir. Saudade das nossas conversas sobre nada e do nosso silêncio sobre tudo. Saudade de você me fazendo rir, de você não me deixando dormir, de não te deixar dormir. Saudade de assistir televisão com você, de almoçar e jantar com você, de ir ao cinema com você, de não fazer nada com você. De sonhar com você. Saudade do seu cheiro de morango, da sua pele de morango, dos teus lábios de morango. Saudade do teu gosto de morango. Saudade dos teus beijos, dos teus abraços, das tuas mordidas. Das tuas marcas em mim. De você em mim. Saudade de você olhando minhas estrelas, redesenhando minhas estrelas. E se perdendo nas minhas estrelas. Nas suas estrelas. Nas nossas estrelas. Saudade de você nos meus braços, de você nos meus braços... De mim nos teus braços. Saudade das tuas caretas. Saudade de zelar teu sono, de olhar teu sono, de furtar teu sono. Saudade de você com ciúmes, de você me cuidando, de você me querendo. Saudade de te fazer carinho, de bagunçar teu cabelo, de brincar com o teu cabelo. Saudade de tudo em ti. Em nós. Saudade do que você me faz sentir, de não querer ir embora, da parte de mim que deixei com você (não a quero de volta, quero apenas mais perto; você mais perto, bem mais perto). Saudade de você.


ps: e que 2011 venha para acabar com ela.

ps²: As repetições são propositais. Eu provavelmente poderia colocar várias coisas mais no texto, mas fui fazendo sem pensar muito, então acho que ficou mais espontâneo. E sincero. Ficou meio perv e foi proposital. ... Ficou meio romântico e foi proposital. Duas partes de mim numa só.

ps²: Último post do ano, então: Feliz ano novo, galere :D

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

The Best Feeling

I wouldn't change a thing about it.

– Eu te amo.

Sua voz fraca soou num sussurro ao pé do ouvido, enquanto um sorriso marcava seus lábios e sua respiração irregular arrepiava a nuca dela. Sophia não conseguiu responder. Não por não sentir o mesmo – acredite em mim, ela sentia todas aquelas sensações confusas, intensas e tão agradáveis que se escondiam atrás daquelas três palavras – ou por não acreditar. O grande problema foi o nó apertando sua garganta, impedindo a voz de sair. Tinha aguardado, com toda a sua paciência forjada, por meses para ouvir aquilo outra vez, depois de tudo. Pegou-se surpresa e feliz – oh dieu, como estava feliz! – ao ouvir aquela declaração num momento inesperado. Por perceber que aquilo nunca antes havia soado tão sincero e verdadeiro.


ps: mini atualização com gostinho de Sophia Lawrey :3

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Another Dream

Dia vinte e quatro de um ano qualquer. Acordo e me deparo com os flocos de neve caindo do lado de fora da janela. É véspera de natal. Sonolenta e preguiçosa, desço as escadas e encontro todos tomando café da manhã. O rapazinho, elétrico, corre para me abraçar. A menina, presa numa cadeira de bebês, bate a colher de plástico em sua mesinha e estende a mão livre em minha direção. ‘Mamãe!’, ela repete. Eu sorrio. Afago a cabeça do menino, desorganizando seus pequenos cachos escuros, dou um beijo na bochecha gigante da garotinha na cadeira e me aproximo dela para beijá-la de leve nos lábios. Tomamos café da manhã juntos e depois decidimos vestir algo mais quente: As crianças ficam parecendo pequenos presentes embrulhados em tantas roupas, o que nos fez rir por algum tempo.

Então descemos para o jardim coberto de neve e aí é apenas festa. O rapazinho corre, cai e levanta novamente. Brinca de fazer anjos no chão, joga bolas de neve contra mim e eu revido só de brincadeira. Ele está feliz. A menina, pequena demais, fica segura no meu colo – ou no seu. Sentamos-na no chão e ela fala sem parar coisas incompreensíveis – está entrando nessa fase que nos diverte – e ri ao sentir aquela coisinha branca e gelada em suas mãos. Ela está feliz. Ela me abraça pelas costas e me aconchego em seus braços, em seu colo. Fecho os olhos por um momento e sorrio. Eu estou feliz e posso jurar que ela também está.

Passamos o resto da manhã brincando pelo jardim, enchendo-nos de neve e rindo das coisas mais simples. Perto do horário do almoço, entramos e comemos alguma coisa já pronta. O rapazinho corre para passar o restante do tempo em seu novo videogame, a menininha dorme depois da manhã cansativa. Eu e você temos uma tarde de preparativos para a noite. Arrumações, inicio do jantar. Pequenos estresses dos quais não podemos fugir, discussões sem importância das quais nos esqueceremos mais tarde. Tudo isso só nos lembra o quanto nossa vida não é perfeita e o quanto, exatamente por isso, ela se torna perfeita. Não quero que faça sentido – nós nunca fizemos; e mesmo assim ainda estamos aqui.

Mais tarde, nossos amigos chegam. As crianças já estão arrumadas para a ocasião, nós (mesmo sem acreditar que demos conta de tudo) também. Nossos amigos e família chegam. Um grupo não tão grande; apenas os mais especiais e seus respectivos pares. Todos babam nos nossos pequenos e nós apenas sorrimos; orgulhosas. O jantar é longo. Cheio de conversas, risadas e lembranças dos velhos tempos. Quando eles partem, as crianças já dormiram há tempos. Levamos-nas para suas camas, damos um jeito rápido na cozinha e deixamos a louça para lavar. Não queremos pensar nisso no momento. Então, descemos os presentes que estavam escondidos no armário e colocamos em volta da árvore de natal.

Por fim, tomamos banho e então o dia finalmente está (quase) acabado. Ela deita nos meus braços, procura meu colo para descansar o rosto e ri quando, apesar do cansaço, eu a provoco. Somos apenas nós duas novamente e nada parece ser capaz de estragar os nossos momentos de intensidade e cumplicidade. Eu sei que a amo como sempre amei, talvez mais e talvez de uma maneira melhor, depois de tanto aprendermos juntas sobre toda essa coisa louca de relacionamentos e amor. Eu sei que fiz a escolha certa desde o inicio e nada poderia estar melhor.

Na manhã seguinte, somos acordadas por um rapazinho agitado. Ele carrega a garotinha até a nossa cama e ela engatinha até estar diante de nossos rostos. Tenta nos acordar com palavras incompreensíveis enquanto ele cutuca nossos braços de maneira mais ávida e repete alegre: O papai Noel deixou os presentes na árvore!

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Parece que eu já sei o que pedirei para o papai Noel neste natal.


ps: feliz natal, gente :D

domingo, 12 de dezembro de 2010

Let me love you

Deixa-me cuidar de ti? Quero estar aqui pra ver cada um dos teus sorrisos, comemorar cada uma das tuas vitórias e te segurar quando você cair. Confie em mim, conte-me todos os teus medos nessa tua mania incurável de falar mais do que qualquer outro ser humano parece ser capaz. Quero ver teus olhos brilhando como eu mais gosto: Daquele jeito puro e infantil, divertido e apaixonado. Sei que não é o certo, que eu não deveria te deixar tão mal acostumada, mas eu gosto de te proteger de todo o mal, de todas as dores e decepções. Às vezes gostaria de te proteger até de mim. Sei que não posso. Sei que te decepciono e que te machuco. Às vezes não por minha opção, como em cada uma das vezes em que preciso te dizer adeus, mas sei que posso te fazer chorar. E sempre que eu falhar e deixar algo te machucar, quero estar contigo. Mesmo que eu não saiba o que fazer ou o que falar. Mesmo que doa em mim te ver mal. Quero apenas te abraçar, quero que chore nos meus braços e quero sussurrar no teu ouvido o quanto eu te amo e que tudo vai ficar bem, mesmo que você não acredite em mim.

Se você deixar, quero ser o teu lar. Só pelo tempo que você quiser. Quero ser um tipo de esconderijo, onde você se abriga e evita todo o resto do mundo – como você já é pra mim. E depois de nos conhecermos mais uma vez, mais um pouquinho, quero que teu corpo descanse no meu, teu rosto protegido em meu peito enquanto ouve meu coração bater descompassado. Depois dos beijos, das respirações descompassadas e daquela cumplicidade indescritível, quero simplesmente envolver meus braços ao redor de ti. Quero que deite em meu ombro e durma tranqüila, sabendo que estará protegida. Sabendo que eu permanecerei acordada, acariciando seu cabelo e zelando seu sono. Cuidando para que nenhum sonho ruim te atrapalhe.

Quero apenas amar você da melhor maneira que eu puder.

sábado, 11 de dezembro de 2010

lights: on. fear: off #theend

– Abra os olhos.

Não fazia sentido. Aquela voz – sua voz – não deveria estar ali. Eu me recusei a abrir os olhos, tive medo que fosse apenas um sonho. Uma alucinação. Talvez eu estivesse bêbada demais. Minha mente leve e a garrafa de vodka vazia no chão me diziam algo sobre isso. Deixei que seu tom de voz suave, embora autoritário, envolvesse-me como sempre. E sorri.

– Abra os olhos. – Você repetiu. – Não queria lutar contra os seus medos?

– Não este. – Murmurei.

– Tudo bem então, mantenha-os fechados.

Senti sua mão envolver a minha com um arrepio agradável que percorreu todo o meu corpo. Só podia ser você. Real. Somente você poderia adivinhar os meus medos, aquele meu simples medo de abrir os olhos e você não estar ali. Mas como? Não fazia sentido. Você deveria estar morta. Deixei-me ser puxada, meus pés descalços tropeçando no nada vez ou outra. Eu não me importei. Sempre confiei você. Quando chegamos em outro cômodo, senti o piso gelado e imaginei estarmos no banheiro.

Meu coração estava batendo forte, rápido. Quando fora a última vez que eu o havia sentido realmente, sem precisar do medo ou da dor das pessoas que eu mais amei? Eu mal podia me lembrar. Mal podia lembrar da sensação de realmente estar viva, de realmente sentir algo. Talvez eu simplesmente seja um erro – e você a minha ligação com o mundo real. Senti a parede em minhas costas e seu corpo em minha frente. Prendi a respiração. Eu podia imaginar você sorrindo. Sua respiração em meu pescoço me arrepiou por completo, senti suas mãos apertarem de leve minha cintura e subirem pela barriga. Mordi o lábio. Suas mãos levaram consigo a minha blusa, até tirá-la por completo. O que diabos você estava fazendo?

Não tive coragem de perguntar. Joguei a cabeça para trás e me permitir suspirar, sentindo seus lábios descendo do pescoço para o colo. Você sempre teve o dom de me enlouquecer. Suas mãos desabotoaram minha calça sem dificuldade, puxando-a para baixo até tirá-la por completo. As pontas dos seus dedos roçando minhas coxas me fizeram perder a sanidade que eu não sabia se tinha. Seu nariz roçou no meu quando você se reergueu, nossas respirações se envolvendo devagar. Sem permitir que eu a beijasse, sua mão buscou a minha e me entregou um objeto gelado. Meu punhal.

– Você sabe o que fazer.

– Eu não...

Por favor, amor.

Estremeci. Por que eu não conseguia resistir a você? Enquanto os dedos de sua mão livre voltavam a acariciar minha cintura com carinho, levei o punhal até minha própria coxa para o que seria o último dos meus cortes. A ardência me fez gemer baixo e largar o objeto no chão, sentindo o sangue escorrer. Seus dentes apertaram meu colo; mordendo-me. Eu estremeci outra vez.

– Abra os olhos. – Murmurou, afastando-se de mim. – Abra.

Eu obedeci e meu coração bateu forte. O horror impediu que o grito escapasse de minha garganta, retraí o corpo contra a parede quase sem consciência. Estava escuro, mas não completamente. A luz vermelha escura iluminava parcialmente as máscaras e rostos de cera deformados presos às paredes, assim como as incontáveis máscaras de palhaços. Todos eles me encaravam, agourentos. Provocantes. Mórbidos. E de repente eu estava tremendo, assustada. Aquele era o gosto do medo, desta vez o meu próprio.

– Lute contra seus medos. – Você murmurou. – Não era este o objetivo?

É claro que você sabia. Conhecendo-me melhor do que ninguém, talvez até mesmo melhor do que eu mesma. Depois de ter lhe perdido pela primeira vez, eu percebi que não podia passar por aquilo novamente. O maior dos meus medos: Perder as pessoas a quem amo. Eu percebi que precisava lutar contra isso. Foi por isso que matei você e todos eles.

– O que eu devo fazer? – Perguntei, incerta.

– Entre na banheira.

– Você vai ficar comigo?

– Sempre.

Tentei não olhar para as paredes. Tentei ignorar a sensação de que havia algo me observando do escuro – algo além daquelas expressões contorcidas saídas dos meus pesadelos. Percebi, mas não prestei realmente atenção em alguns aparelhos sobre a pia, e entrei devagar na água. Estava gelada e senti algo gelado e pegajoso grudar em minha perna.

– O QUE DIABOS...

– Continue...

Sapos? Engoli o nojo que me dominou, sentindo o pequeno animalzinho se mover devagar em minha pele, mas minhas pernas haviam travado. Eu não podia continuar. Eu não conseguiria fazer aquilo. Então senti suas mãos em meus ombros nus, empurrando gentilmente naquela direção e simplesmente obedeci. Outra vez. Deitei-me completamente, a cabeça apoiada para o lado de fora e a água gelada me encobrindo até o pescoço. Minha expressão era de nojo, eu sabia disso. Ainda podia sentir as patas geladas e escorregadias se movendo pela minha pele. Sentando-se na beirada de mármore da banheira, você se abaixou em minha direção. Seus lábios tocaram os meus demoradamente e, por um instante, eu esqueci de todo o resto do mundo.

– Foi você quem escolheu.

Murmurou com os lábios ainda próximos dos meus e, ao se afastar, apertou um dos botões do aparelho sobre a pia. A corrente elétrica fez meu corpo contrair num espasmo violento e eu gritei. Quando a sensação passou, meu corpo ainda formigava. Meus olhos lacrimejavam. Eu quis levantar, mas não sentia força alguma. Busquei seus olhos e você sorria. Parecida demais comigo.

– Você acha que valeu a pena? – Perguntou. Havia raiva em sua voz. – De verdade?

– Eu precisava. – Murmurei.

– Precisava me matar? Matar seus amigos? Todas as pessoas que te amavam?

– Que eu amava.

– Faz parecer ainda pior.

Você apertou o botão novamente e eu gritei outra vez. Demorou mais. Talvez uma eternidade em alguns segundos. Meu coração poderia parar a qualquer momento. Minha respiração. Minha vida. Eu não soube por quanto tempo gritei. Não soube se minha voz continuou saindo ou se perdeu em algum lugar. Eu não podia ver, sentir ou ouvir nada além da dor. Quando acabou, eu tinha apenas metade de minha consciência. Vi seu rosto fora de foco diante de meus olhos – o rosto que eu tinha amado, se eu pudesse ser capaz disso. Eu tinha minhas dúvidas. Seus lábios tocaram minha testa uma última vez e suas mãos apertaram meus ombros, empurrando-me para baixo devagar.

– Por que você está fazendo isso? – Perguntei.

– Você sabe que eu não estou fazendo nada. – Você respondeu, fazendo-me mergulhar completamente na água. – Foi você quem escolheu. É você quem está fazendo isso. Você sabe que eu não estou aqui, amor. Você me matou.

Eu ia morrer. Não me importei com isso. Apenas fechei os olhos, sentindo meu pulmão arder em busca de ar enquanto suas mãos me prendiam firmemente no fundo da banheira. Eu sabia que você não estava ali. Você era apenas minha imaginação. Minha.

Mas não se deixe enganar. Esta não foi uma história sobre amor – foi uma história sobre medos.

Os seus e os meus medos.


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ps: caso alguém não tenha reparado, inverti o tiulo. Lights on porque não estava tudo escuro, Fear off porque ela morreu rs

ps¹: caso alguém não tenha entendido, a menina no texto não existe, está morta. Foi uma das vitimas anteriores... A assassina se matou, mas imaginou que a menine que ela amava é quem estava fazendo tudo aquilo.

ps²: acabou tudo :/ desculpem por não ter matado alguns de vocês, mas eu tinha que aproveitar a inspiração pra fazer o final... Espero que tenham gostado :P

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

The Melody

So brown eyes, I'll hold you near, 'cause you're the only song I want to hear

A melody softly soaring through my atmosphere.

Se eu pudesse, compararia com uma melodia no piano. Sem grandes explicações filosóficas, só porque eu gosto. Uma melodia para se ouvir de olhos fechados, luzes baixas e no silêncio de nossas respirações desritmadas, que me leva para um outro mundo. Um mundo apenas meu, compartilhado com você e todo o seu falatório. E todas as suas risadas. E todo o nosso amor. Seria uma melodia única. Calma, porém intensa. Que envolve, emociona e domina quem ouve. Cheia de altos e baixos para que nossos corpos dancem em ritmos calmos, rápidos e calmos novamente. Mas sempre juntos. Os pés descalços, as pernas entrelaçadas. As almas quase se tornando uma só. Uma melodia que faz o coração bater acelerado, que faz a mente girar num vazio inexplicável, que desafia as leis da física e torna a ciência inexplicável. Que, ao final, traz a tranqüilidade não explicada. A calma e a plenitude. Se eu pudesse, compararia com a melodia de uma canção sem nome. Ela seria a minha preferida. Não uma canção de amor, não uma canção dramática ou alegre. Sem nenhum clichê, sem nenhum rótulo. Só a nossa canção. Inexplicável e sem nome.


ps: música: Where Soul Meets Body

ps²: Meio aleatorio, mas só pra postar algo... Não apagarei pro @johnbubbles não me matar rs

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Brincando de Hipocrisia

Eu não tenho nada contra heteros, sabe? Mas acho que eles deveriam me respeitar. Que história é essa de trocar beijos em público? Ninguém precisa ficar vendo aquilo. Andar de mãos dadas até consigo tolerar, mas caminhar abraçados? Pra que? O que as crianças vão pensar, o que elas terão como exemplo? É melhor manter uma distância, sabe? Tratar como amigo – nada de demonstrações de afeto, assim ninguém sai prejudicado.

E essas festas que eles fazem? Baladas, raves. Acontece de tudo, não é? Sexo, álcool, drogas. Eles acham isso bonito? Garotas de mini-saia, blusas transparentes com decotes que chegam até o umbigo. E essa mania de sexo no primeiro encontro? Sexo anal, oral? É uma coisa que Deus não permite, sabe? É pecado, afinal, sexo precisa ser feito com o intuito de procriar. Só isso. Mas o que eu posso fazer? Esse pessoal é quem vai se ver com Deus e eu, no final das contas, não tenho nada contra eles. Sem preconceitos.

Até tenho uns amigos heteros! Acho muito engraçado. Eles são tão sérios, mal humorados e não sentimentalistas. Pedem conselhos porque não entendem as mulheres. Eu os adoro, é claro, são criaturas adoráveis. Mas filho meu? Nem pensar! Não posso permitir que eles se exponham dessa maneira. O que as vizinhas irão pensar? Que eu não os eduquei direito, no mínimo! E ainda há todas as dificuldades. Esse preconceito – acho ridículo! – contra uma minoria. As doenças sexualmente transmissíveis... E se meu filho for espancado na rua? E se perder o emprego, os amigos, por conta de sua opção? Não, não gostaria que um filho meu sofresse desse jeito.

Mas não tenho nada contra heteros não, viu?

ps: foi um texto irônico, TÁ GENTE? só pra constar.

domingo, 21 de novembro de 2010

lights: off. fear: on #5

Seus olhos se abriram e encontraram nada além da escuridão a envolvendo, no mesmo momento em que o cheiro fez seus pulmões arderem em horror. Tentou se mover, mas percebeu suas mãos e pés marrados à superfície mole em que você estava deitada. Durante segundos que lhe pareceram horas, não houve nada além do escuro e daquele cheiro de fezes e carne em decomposição. Sob você. Sujando sua pele, seu cabelo, talvez até sua alma. Seu estômago revirou, rejeitando àquela idéia terrível, mas você não pôde fazer nada além de tentar respirar com calma e pouco sentir. Nada além de tentar manter o controle. Tão típicos seu. Tão inútil.

– Você demorou para acordar. – Eu falei. – Estava ficando entediada.

Você estremeceu de susto ao perceber que não estava sozinha. Levantei-me, deixando o copo de suco na mesinha ao meu lado, e acendi a lanterna que tinha numa das mãos. A luz machucou seus olhos e eu a direcionei para a pequena caixa de madeira em que você estava presa. Iluminei a areia em que você estava deitada. Areia com fezes e o cheiro inconfundível e forte da urina de gatos. Os seus gatos. Duros, com os pelos dos corpos em decomposição roçando sua pele seminua. Ao perceber isso, seu corpo estremeceu num espasmo involuntário. Eu sorri, abaixando-me ao seu lado.

– Eu, se fosse você, tentaria não vomitar agora. Não terei o trabalho de limpar e isso vai ficar mais nojento do que já está. E não me culpe por isso, se você não fosse tão certinha, enjoada e organizada... Talvez o seu fim fosse mais digno. Mas eu acho que ele condiz com você.

Pisquei um dos olhos, divertida, levantando-me. Tão arrogante, tão cheia de si. Sempre acreditando ser superior aos outros. Sempre achando qualquer um indigno de sua atenção, amor ou perdão. No fim, você retornava exatamente ao que era: Nada.

– Quero fazer uma brincadeira com você. Roleta-russa, sabe?

É claro que sabia. Seus olhos se arregalaram, o horror exalando das íris escuras tanto quanto sua pele. Chegando até mim de modo puro e cru. Envolvendo a sala de medo, o seu medo. Meu relaxante natural. Retirei apenas uma bala e o revolver do bolso, colocando-a no tambor e o fechando. Em seguida, afastei-me um pouco e bebi mais um gole de suco de morango antes de pegar uma caixa encostada ao lado de minha cadeira.

– Já que você está impossibilitada de se mover, nossa brincadeira será um pouco diferente do que o normal. Nenhuma de nós sabe em qual posição está a bala e eu irei mirar em seis partes, vitais ou não, de seu corpo. – Fiz uma pequena pausa. – Acaba quando a bala for descoberta. Preciso avisar que doerá, sim, mas pode ou não ser um tiro fatal. Tudo depende da sua sorte.

Abri a caixa sobre você e algo – vários algo – atingiu seu corpo sem força alguma. Pequenos animais de patas ágeis, os rabos roçando sua pele enquanto subiam e desciam. Outros pareciam menores. Cheiravam-na, abrigando-se debaixo de seus braços, entre suas pernas, em seu cabelo curto. Quando você percebeu do que se tratavam – ratos e baratas de diversos tamanhos – o grito de horror finalmente escapou. Histérico. Descontrolado.

Eu não pude fazer nada além de sorrir, extasiada.

– Eu poderia tentar te dar alguma lição de moral. Falar o quão odiosa você consegue ser, quando quer. Falar sobre como você só acha que pode magoar qualquer um sem ser magoada. Sobre como você não é uma daquelas patricinhas das séries que gosta de assistir. Mas não ajudaria muito.

Distraída, mirei em uma de suas coxas. O horror a consumia, fazendo seu ar faltar, misturando-se ao odor que a envolvia. A lanterna continuava ligada, formando um pequeno espaço iluminado entre nós duas e seus novos amigos.

– Você só precisa me dizer quando quer que eu atire, ok? Se a bala não estiver lá, tudo bem. Tentaremos de novo e de novo. Mas não precisa ter pressa.

Saber que precisaria pedir para que eu atirasse fez seu medo crescer. Eu podia senti-lo, quase tocá-lo. Dançar com ele, comemorar e rir enquanto ele se tornava uma companhia agradável para mim e atormentadora para você.

– Até se sentir pronta... Apenas diga-me: Quais são os seus medos?

anything but ordinary

Sou resultados e experimentos. Uma reunião de cores e palavras, verdades e mentiras, sonhos e realidades, decepções e conquistas. Às vezes acredito que sou quem eu quero. Talvez eu seja exageradamente inacessível: Introspectiva, tímida e fechada. Não sei demonstrar sentimentos – às vezes não sei sentir. Não falo muito. Detesto chamar atenção. Sou tão observadora quanto distraída. Tenho fobia de multidões e de eletricidade. Gosto de ficar sozinha. Às vezes pareço arrogante, mas apenas brinco de ser irônica. Acho engraçado estudar as ações e reações das pessoas – embora não goste muito da maioria delas. Sou teimosa, impaciente, impulsiva ansiosa e um pouco desesperada. Irrito-me com uma facilidade inacreditável, sou ciumenta e inacreditavelmente possessiva. Às vezes penso como assassinos. Uma péssima garota.

Meu mundo é apenas meu. Sou extremamente seletiva com o que – e quem – entra nele e não gosto de precisar tirar nada de lá. É um processo doloroso. Guardo nele o que tenho de mais precioso: Eu mesma. Uma outra versão de mim. Uma menina tímida e ligeiramente engraçada, que possui crises de falar muito sobre coisas aleatórias. Amável, carente e carinhosa. Uma romântica incurável. Sonhadora. Apaixonada por animais e pela natureza. Aquela menina que possui um instinto maternal e protetor aguçados demais. Que gosta de cuidar, proteger e mimar as poucas pessoas que a cativaram. Ela tem um coração gigante e consideravelmente inocente. Ama desafios e adrenalina. Gosta de enfrentar seus medos. Gosta de detalhes e pode ser conquistada por eles. Uma ótima garota.

Filmes, música e literatura são uma parte essencial da minha vida, e de mim. Escrever é minha terapia. Sou imaginativa demais. Amo frio, chuva, tempestades, o céu escuro, praias e cachoeiras. Tenho um pouco de cada um dos sete pecados em mim. Não sei fingir muito bem. Tremo naturalmente e gaguejo de vez em quando. Tenho manias esquisitas. Passo mais tempo pensando em textos do que pessoas normais passariam. Amo a segunda guerra mundial. Tenho dificuldades para dizer não. Digo que esqueci ou perdoei, mas tenho uma dificuldade inenarrável para ambas as coisas. Tenho ideias dormindo. Amo matérias humanas...

Sou um retrato surrealista de todos os meus egos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

tons castanhos

Talvez os outros os vissem marrons. Simples, chatos. Iguais demais, comuns demais. Para ela, não eram apenas castanhos. Eram uma imensidão de tons que a prendiam com garras de aço. Que ela tinha aprendido a ler – ou eram eles que gritavam verdades por trás de palavras não ditas? Os tons gostavam de brincar, ir e vir, gritar no silêncio do olhar. Ela tinha o seu preferido: Aquele que a fazia lembrar de chocolate liquido. Era um tom quente, que a abraçava e envolvia. Vinha acompanhado de um brilho de alegria. Talvez felicidade ou paz. Inocência. Aparecia nos melhores momentos e transbordava, pingava, preenchia tudo o que pudesse alcançar. Era doce, também. Doce e dócil. Gentil. Daí – já que ela tinha aquele como preferido – vinham todas as outras variações: O mais áspero e gelado tom era o mais escuro: Quase completamente negro. Ela o odiava, ou o mais próximo que conseguia chegar disso. Tinha braços invisíveis capazes de agarrá-la pelo pescoço e sufocá-la. Aparecia nos piores momentos. Trazia consigo uma onda de frio, de descontentamento, de agonia. Às vezes de tristeza e de dor não faladas, mas gritadas em mais um silêncio enganoso. Aquele tom não pertencia àqueles olhos. Depois vinha aquele castanho ainda escuro que prendia. Desejava. Era mais um tom quente: Queimava. Incendiava. Por dentro, por fora, em silêncio, acompanhado de sussurros. E sentidos. E luxúria. E desejo, de novo. E de novo. Incansável. Outro dos preferidos. E quando a euforia do desejo se afastava, as cores retornavam àquele chocolate liquido do qual tanto gostava. Em seguida, ainda mais claros, os olhos ganhavam um tom de mel. Ainda doce, apetitoso. Geralmente acompanhado de sorrisos ou risadas. Era leve e macio. Infantil, divertido, maroto, manhoso. Uma criança. Combinava com aqueles olhos. Olhos de mudanças singelas que conversavam, riam, cantavam e brigavam com ela. Olhos que abriam uma porta para a alma, que não conseguiam esconder a verdade, que ela lia com uma clareza óbvia. Que pediam. Que tornavam a partida ainda mais difícil. Olhos que amavam. E ela se perdia e se encontrava e se abrigava e se prendia naqueles incontáveis tons castanhos.

ps: finalzinho foi uma brincadeirinha com algo da versão 3.0 de UTS, quem já leu entenderá. Um post inteiro sobre olhos. Uau! Alguém já enconrou um olhar assim? :B

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre amizade #1

Não sei poetizar meus sentimentos, sequer descrevê-los de maneira correta e clara. Às vezes não sei nem sentir, ou talvez seja exigente demais. Admito ser chata. Dificilmente gosto de pessoas e enjôo delas numa velocidade inversamente proporcional. Talvez eu tenha criado uma barreira em torno de mim mesma e nem eu sei como ultrapassá-la. Por comodidade, facilidade. Importo-me menos, magôo-me menos. Poucas pessoas conseguiram derrubá-la e você é uma delas.

Não sei o que fez. Como fez. Não sei quando passou de colega, conhecido, para amigo. Para melhor amigo. Sei que se tornou importante. Indispensável. Sem enfeites e jogos com palavras. Simples, cru e infinitamente sincero: Indispensável.

Acredite (e provavelmente já me conhece o suficiente para saber que falo a verdade): Não sei me forçar a conversar, a rir, a brincar. Minha timidez é compatível com a sua. Não sei ter intimidade, não sei brincar e fazer piadas, não sei falar sobre assuntos delicados, não sei desabafar e não creio que saiba ouvir desabafo. Não sinto falta de muitas coisas ou pessoas. Não quero estar perto. Não quero abraçar. Não quero demonstrar afeto. Pouquíssimas pessoas conseguiram ultrapassar mais esta barreira. Você é uma delas.

Talvez tudo tenha começado num daqueles passeios de carro. Ou naquele em especifico, em que ouvimos músicas sozinhos e conversando, os dois pulando contra a timidez e o silêncio e descobrindo mais coisas em comum do que imaginávamos. Talvez tenha sido numa das sessões de cinema, das idas ao shopping. Talvez uma daquelas conversas sinceras e que acabam engraçadas durante a madrugada. Talvez seu apoio, compreensão e (muita) paciência em momentos que eu precisei e consegui confiar em você. Talvez o fato de você ter confiado em mim também. Talvez tudo isso – incluindo também as risadas e brincadeiras.

Sei que hoje se tornou um melhor amigo que eu sempre quis. Sei que me conquistou e se tornou indispensável – daqueles que a falta dói. Sem enfeites e jogos com palavras. Simples, cru e infinitamente sincero: Indispensável.

ps: deixando os alter-egos e personagens de lado para uma série de posts na tag 'real life', abrindo com um texto especial para o @johnbubbles, do blog soprando bolhas, esse lindo que eu amo <3

Esconderijo

Um ônibus gelado, o vazio e uma pequena declaração.

Por que eu pensaria na parte ruim, se tudo tinha sido perfeito?


Ela deitou nos meus braços e repousou a cabeça em meu colo. Envolvi-a por um dos ombros e repousei a outra mão sobre sua orelha. Apertei-a contra o meu corpo, beijei-a na testa e percebi que meu coração batia forte em meu peito. Rápido e fora de ritmo. Louco. Por ela.

– Consegue sentir? – Perguntei.

– Uhum...

Não vi, mas senti o sorriso dela. Meus dedos se entrelaçaram aos cachos de seu cabelo e a acariciei com carinho. O silêncio nos dominou e não sei por quantos minutos ela sentiu meu coração bater antes de adormecer. Permaneci acordada, zelando seu sono. Nós tínhamos apenas algumas horas juntas, antes de mais um período torturante de separação, mas eu não me preocupei. Não havia em mim nenhuma tensão, todo o medo das últimas vezes tinha finalmente se dissipado por completo.

Eu a senti minha – inocente e completamente minha, e uma sensação quente e agradável me envolveu junto com o calor do seu corpo. Beijei-a na testa só para inspirar seu perfume mais de perto. Morango, tão inebriante. E então sorri sozinha. No escuro, para ninguém. Sorri porque estava feliz. Sorri porque notei que do passado finalmente restavam apenas os momentos bons e os aprendizados. Sorri porque, por mais impossível – quase cena de filme – que pudesse ser, ela ainda estava ali. Nos meus braços. Protegida, dormindo tranquilamente, deixando satisfeitos todos os meus egos: Desde o ariano possessivo ao maternal protetor.

Sorri porque eu soube, com mais certeza do que em qualquer outro momento em dois anos, que eu a amo. Sorri porque eu soube que não importaria o quanto o vazio de não tê-la nos braços doeria em mim (e mais tarde descobri que seria uma dor irracional e intensa que pressiona meu peito e sufoca os pulmões). Ela estaria de volta e tudo ficaria bem. Acabei adormecendo também, com uma certeza simples que há muito eu não tinha: Eu podia suportar. Nós podíamos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

things are looking up, finally!

Meio que uma continuação de outro texto, leia-o primeiro aqui para melhor compreensão.

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– E se ainda importar?

– Foi sua escolha.

– Estou me desfazendo dela.

– Mas não importa.

Uma atriz impecável, é isso o que eu sou. Minha voz cortante e convicta a atingiu como ela tinha me atingido milhares de vezes antes, magoando. Eu não tinha chorado na frente de ninguém. Eu não tinha deixado ninguém perceber o que eu realmente sentia. Eu era mesmo uma atriz perfeita – e não me orgulhava disso. Eu não queria interpretar. Mas ela não desviou o olhar como eu esperava. Não desistiu. Ela retorceu os lábios naquele maldito meio sorriso e seu verde capturou o meu azul. Então eu percebi – tarde demais – que havia uma única falha. Ela podia ler meus olhos com uma facilidade imensa. Inclusive a verdade por trás deles.

– Deixe-me tentar apenas uma coisa.

– Eu não quero.

– Você não pode confiar em mim por dois minutos?

– Posso. Esse é o problema. Eu não quero.

– Apenas feche os olhos.

Eu não queria. Não queria porque eu confiaria novamente e tudo acabaria mal novamente. Nós éramos erradas uma para outra, estávamos fadadas a magoar uma à outra. Quantas vezes continuaríamos tentando depois das brigas e das lágrimas? Eu não queria. Mas eu também não sabia dizer não para ela. Fechei meus olhos e observei o silêncio. Nada aconteceu, a principio. Depois de alguns segundos, eu senti o calor. O calor e o perfume. Trinquei os dentes. Senti os braços envolvendo meu corpo e quis dar um passo para trás, mas meu corpo não me obedeceu. As mãos dela se cruzaram na base da minha cintura, o calor doce me abraçou junto dela. Eu não soube mais ao certo o que eu queria ou não queria. Senti a mão dela repousar atrás de minha cabeça, em meu cabelo, e depois a pressão leve de seus dedos me empurrando ao encontro dela. Fez-me deitar a bochecha em seu ombro, tocando o nariz em seu pescoço – a única altura que eu alcançava – e depois acariciou de leve meu cabelo. Com carinho. O perfume me inebriou mais e meu medo de confiar se dissipou aos poucos. Eu ainda me sentia protegida naquele abraço. Ela ainda me acalmava. Ainda era a minha inglesa arrogante e irritante. Ainda era a minha Goodrich. Good and rich. Deixei-me suspirar longamente e permiti que meus braços a envolvessem, apertando-a com força. Urgência. Eu não queria correr o risco de que ela desaparecesse em breve. E então me deixei cair. A atriz perfeita ruiu e eu era apenas a Sophy. A pequena francesa que sentia falta de estar naquele abraço. Ela encostou o queixo no topo da minha cabeça e foi paciente enquanto eu chorava e soluçava, apertando-a tão forte que deveria quase machucar. Apenas continuou a acariciar meu cabelo com calma, até que eu finalmente me acalmasse.

– Desculpe por mentir.

– Eu não acreditei, nem por um segundo.

– Nem eu.

ps: lawrich. o primeiro foi em primeira pessoa também, mas narrado pela Nichole. Esse é narrado pela Sophia. Surgiu DO NADA na minha mente quando eu já tinha ido deitar e não me deixou dormir ¬¬ Então resolvi não desperdiçar o momento né? Comentem, please?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sobre tanta falta

Ela tem a força de um gigante. Posso senti-la ardendo em meu estômago, apertando meus pulmões com tamanha força que se torna impossível respirar. Ela gosta disso. Quase se diverte. Esmaga meu coração de batimentos cardíacos já dificultados, esgueira-se pelos músculos e os paralisa completamente. Ela me domina. Cega meus olhos e escorrega para dentro de meu já desesperado cérebro. Ela sabe muito bem o que quer. É muito mais do que eu posso dar.

Ela quer você. Quer tão desesperadamente que continuar a me torturar, que não se importa com as lágrimas que se formam nos meus olhos, com os gritos que sufoco nos meus lábios pela madrugada vazia e solitária. Ela quer o calor do seu corpo, quer os seus sorrisos e quer se perder nos teus braços. Quer os teus lábios. Os teus humores. Até as tuas dores e cores, ela quer. Quer você inteira, você pela metade, você normal ou avessa. Desde que seja v o c ê. Quer a tua voz cantando no ouvido dela, os teus suspiros ecoando na mente dela. Ela quer. E quer agora. AGORA!

Não posso mais distraí-la. Não posso presenteá-la com lembranças de um passado caloroso, isso só faz crescer seu desespero – e a minha dor. Não posso mais enganá-la com os olhos fechados, o teu abraço imaginado e o teu perfume dentro de um frasco. Ela sabe reconhecer. Sabe que o cheiro é mais único na tua pele. E não vai desistir enquanto não tiver você.

Enquanto não desiste, cresce a cada dia, hora, minuto, segundo. Torna-se mais forte. Mais intensa. Mais torturante. Continua a tentar me obrigar a levá-la até você. Caso conseguisse, faria-me caminhar mil quilômetros até os teus braços. E está há poucos passos de conseguir, afinal, o que são mil quilômetros perto da falta que você faz?

E eu me encolho. Eu aceito. O calor escapa do meu corpo, encolho-me no chão enquanto ela faz questão de pisar em mim. Pisa, sobe sobre mim e dança. A dor me cega, domina-me ainda mais do que antes. A dor vira eu – eu viro a dor. Eu só posso esperar ate o momento certo. O momento em que verei você. Então ela finalmente ficará mais fraca, será dominada pelo turbilhão de sentimentos que eu sei que sentirei. Ela ficará acalentada pelo seu perfume, dormirá nos teus braços junto comigo e encontrará a paz quando teu calor me envolver.

Sei que ela ficará mal acostumada. Tanto que mal poderá te perder de vista para voltar a martelar minha cabeça, esmagar meus pulmões. Ela irá te querer por perto o tempo inteiro – sem nenhuma pausa. E ela só achará perto o suficiente se puder ouvir o seu coração. Se não te perder de vista. Ela irá querer você inteira. O tempo todo. Sempre.

Ah, essa minha saudade e o vício que ela tem por você!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Addicted to you

ps: Cortei metade do texto pra ficar postavel, mas ainda assim... Pra não dizer que eu não avisei: Não prossiga a leitura caso se sinta incomodado(a) com o tema (duas meninas juntas hihi)

Meu vicio em tempo integral.

Suas mãos percorrem e (re)descobrem meu corpo com toda a calma de quem sabe exatamente o que está fazendo. Meus lábios descem por seu pescoço, imitando sua calma inexistente, e suas mãos perdem o rumo tão confiante de antes. Seu perfume é incrível.

O aroma da sua pele, o gosto dela. Tudo me inebria, me envolve, e só existe você no meu mundo. Você perde o controle quando meus dentes se fecham com cuidado na sua pele, e minhas mãos brincam com seu piercing.

Seus braços envolvem meus ombros, puxando-me ainda mais para você num abraço inesquecível, e a única coisa que eu posso fazer é encostar a cabeça em seu ombro e suspirar. I love you. Sua voz não é mais do que um sussurro, apertando-me mais contra você como se ainda tivesse medo de me perder. Você não vai me perder, amor.

Je t’aime aussi. Minha voz imita você, outra vez. Francês. Eu sei que você enlouquece com isso. Sua pele arrepia quando eu sussurro no seu ouvido, o sotaque faz você estremecer. Ou meus lábios tocando o lóbulo de sua orelha.

Nossos rostos se afastam um pouco, apenas o necessário. O sorriso – malicioso – no canto dos seus lábios me faz sorrir também. O mais simples dos gestos me faz desejá-los. Desejar você. Você sabe disso, e se diverte com isso. Brinca com o piercing e morde o lábio inferior como se estivesse distraída. E meu coração acelera. Meu corpo pede por você.

Mas você continua com essa calma tirada sabe-se lá de onde. Solta o abraço, mas ergue as mãos e as apóia entre meu pescoço e bochechas. Seus polegares afagam de leve meu rosto, com carinho, e antes que eu feche os olhos, nossos olhos se encontram. Desisto. A nossa, talvez, mais intensa ligação. O momento em que verde e azul – ambas sabemos o porquê dos tons escuros e intensos – tornam-se um. E eu finalmente entendo muito melhor o significado do que falamos há dois minutos. Amor. Se o que eu sinto quando meus olhos perdem-se nos seus não é amor, nada mais é.

domingo, 24 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #4

Seus olhos se abriram para o nada. A escuridão total o preencheu com um vazio de desespero que gritou dentro de você. A primeira coisa da qual teve consciência foram as pequenas pata deslizando pela sua pele nua. As antenas de centenas daqueles pequenos animais marrons escuros roçavam seu corpo, causando uma sensação de cócegas e nojo. Alguns deles tentavam abrir as asas para voar, mas – no escuro – acabavam tombando contra o vidro que envolvia você deixando apenas a cabeça de fora e caíam novamente sobre sua pele. Foi com certo desespero que você notou que um dos insetos – o que estava parado sobre sua coxa esquerda, beliscando sua pele junto com o algo que ele comia – era grande demais. As patas grudaram em sua pele enquanto ele se arrastava lentamente como uma barata de doze centímetros andando sobre seu corpo. O nojo o fez se debater com violência.

– Acalme-se. – Eu murmurei ao lado de seu ouvido. – Eles não são venenosos.

– QUEM É VOCÊ? – Você gritou? – ONDE EU ESTOU? TIRE ESSAS COISAS DE MIM!

– Ora, mas me apetece deixar essas coisas sobre você.

Seu corpo enrijeceu ao reconhecer o modo característico de falar que você havia dado ao seu personagem. Eu sorri sozinha, levei o copo de suco aos lábios enquanto afundava a lâmina pela quarta vez em minha pele. A dor, o sangue e o morango – uma combinação doce e cítrica. Minha última morte tinha me deixado satisfeita – o único problema era que eu não poderia repeti-la várias e várias vezes – por um tempo, mas eu precisava continuar. Por que eu o escolhi para ser o próximo? Não sei. Talvez porque você estivesse quase me implorando para ser morto. E eu, meu querido, costumo ser generosa. Ou quase.

– VOCÊ ESTÁ LOUCA? – Uma pergunta interessante, finalmente. – TIRE-ME DAQUI!

– Loucura é algo relativo. – Respondi com tranqüilidade. – Não acha?

O click veio seguido pelo feixe de luz lançado para o teto. Direcionei a lanterna para você e sorri com a minha pequena obra de arte: Os besouros – animais inofensivos e não venenosos, infelizmente – enchiam o cubo de vidro onde você se encontrava preso. Eu sabia que a sensação de asco crescia enquanto você os sentia caminhar tranqüilamente por sua pele, seu desespero crescente causando minha satisfação crescente. Você só conseguiu enxergar com um olho. Não sentia o outro – sem visão, sem leitura. Não que você fosse sair dali vivo.

– O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU OLHO, SUA LOUCA?

– Ah, – Ergui as sobrancelhas, distraída enquanto bebia mais um gole de suco. – Desculpe-me a falta de gentileza, irei lhe mostrar.

Retirei do bolso o pequeno espelho e direcionei a luz de maneira como você pudesse ver seu próprio reflexo. O rosto imóvel por uma estrutura estranha de ferro que se erguia até seu cabelo, prendendo-o a algo que você não pôde enxergar. Mas o que o fez grunhir em desespero – quase a ponto de esquecer os insetos caminhando sobre você – foi seu olho cego. Dez agulhas o espetavam. Você não o sentia por conta da anestesia. Eu sorri débil e balancei o vidro com mais algumas agulhas diante de seu rosto. Ainda restava um dos olhos, meu querido.

– O QUE? N-ÃO! – Você gemeu. – Por favor.

Eu gosto quando vocês começam a implorar. É divertido. Deixei o pote de lado e retirei do bolso um pequeno isqueiro, mantendo-o aceso. O calor sobre sua bochecha cresceu lentamente, até começar a se tornar incomodo. Ergui a chama por todo o seu rosto, fazendo algumas gotas de suor escorrer por sua nuca, aproximando o fogo o suficiente e pelo tempo bastante para que pequenas feridas começassem a se formar. Você urrou, incapaz de falar enquanto eu destruía mais algo seu: O narcisismo. O copo de suco estava pela metade quando comecei a me entediar.

– Okay. – Exclamei, espreguiçando-me. – Vamos conversar!

Seu silêncio me fez suspirar. Tudo bem, você pediu. Ergui a mão para a válvula ao lado do equipamento instalado sobre sua cabeça, girando-a uma vez para trás. Seu cabelo esticou, preso ao equipamento. Não o suficiente para machucar, mas para lhe fazer perceber o que aconteceria caso eu girasse mais uma vez. E mais uma, e mais uma, e mais uma... Até seu cabelo ser totalmente arrancado de sua cabeça. Com sangue, medo e dor.

– Parece que você finalmente acabará a sete palmos da terra, hm? – Sorri, imitando com uma perfeição tranqüila e calmo o modo de falar do seu personagem. – Eu sei que me perguntará: Por quê? Ora, dou-lhe a resposta: Porque eu quero!

Mais uma volta. A dor começou a incomodá-lo quase mais do que os besouros andando sobre sua pele. Bebi mais um gole de suco e me coloquei próxima de seu rosto enquanto pegava uma agulha e sorria. Eu tinha bastante tempo para aquilo: Uma agulha e uma volta. Uma agulha e uma volta. Uma agulha e uma volta. E se em algum momento se perguntou se eu me satisfazia com a sua dor, a resposta é negativa. Não. Eu me satisfazia com o seu medo. O de ficar cego, o de perder o cabelo, o de insetos, o de morrer. E principalmente o medo que você sentia de mim.

– Você pode me pedir para parar quando quiser, certo? Eu não sou assim tão má. Posso te matar logo, se assim desejar. – Eu comentei casualmente. – Agora, fale-me sobre seus medos...

ps: oi, alter ego x3 não gostei muito desse, maaaaaaaaaaaaas vai saber né. nunca gosto muito mesmo rs

ps²: O besouro gigante

ps³: Obrigada @marylazarini por ajudar com algumas idéias hihi

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Someone

Encontre alguém real. Alguém que tenha compatibilidades e diferenças com você numa balança equilibrada. Alguém que admita o quanto você pode ser chata, irritante e cansativa quando quer – mas que te ame mesmo assim. Alguém que ria do estado do seu cabelo quando vocês acordarem depois de uma noite de risadas, chocolate e sussurros. Alguém que tenha altos e baixos, que tenha crises de bom e mau humor. Alguém que não seja perfeito. Perfeição demais soa como falsidade e falsidade sempre termina em corações partidos. Encontre alguém sincero. Alguém que não minta dizendo que te ama mais do que tudo, mas que te ame da melhor maneira que puder. Alguém cuja vida não gira em torno de você, mas que faça questão de te incluir em sua vida. Alguém com quem você possa conversar. Sobre música, sobre filmes, sobre sonhos e sobre a vida. Alguém em quem você possa confiar, com quem possa desabafar. Alguém que te dê um abraço desajeitado e aconchegante quando você chora, que não saiba o que fazer para te confortar, mas que tente mesmo assim. Encontre alguém que espere por você. Alguém que te faça rir, que faça chantagem com um sorriso e um olhar. Alguém que te abrace com carinho e permaneça por horas apenas conversando com você. Alguém que faça seu mundo girar com um simples beijo, que faça você sentir tudo aquilo que apenas imaginava nos filmes e livros. Encontre alguém que faça uma loucura por você. Que se sinta mal quando te magoa, mesmo sem querer. Alguém que sinta a sua falta numa balada lotada. Alguém que tenha a liberdade de ir – e que vá, mas que volte de braços e coração aberto, sem poder ficar longe de você. Alguém que te acorde no meio da madrugada ao te ligar de um show lotado, só porque a letra da música o lembrou de você. Alguém que te ligue no meio da madrugada apenas para conversar, porque sente sua falta. Alguém que te veja como uma pessoa óbvia, que decorou cada detalhe sobre você. Encontre alguém que, anos depois, não esteja cansado de você. Que te ame como – ou talvez mais do que no inicio de tudo. Ame alguém em quem você possa pensar segundos antes de adormecer e se sentir feliz – completa – por isso.

Alguém que te veja como esta pessoa, como você o vê.


ps: Explicar texto é igual explicar piada, perde totalmente a graça u.u Mas, pra quem não entender a última frase: Esta é usado pra algo que já foi descrito. No caso, a pessoa descrita no decorrer no texto. Logo, encontre alguém que te veja como a pessoa descrita e veja este alguém dessa mesma maneira e... Compliquei mais, OI! comentem anyway :)

love and stars

Fazer tatuagem dói? Dói. Dói pra caralho horrores. É basicamente o mesmo que ter a pele arranhada por um compasso repetidamente e muito mais rápido, em especial na parte da pintura. Mas é uma dor (não digo boa porque não faz sentido) que é suportável e vale muito à pena. Eu particularmente acho que tatuagens – dependendo do desenho e da região – dão um charme a mais às pessoas. E sou muito narcisista com relação às minhas. Sou apaixonada por elas.

A primeira eu fiz em 2008 (se não me engano) e ganhei de presente de quinze anos. Sim, meus pais deixaram tranqüilamente. Ela não doeu tanto – de verdade – só um pouquinho na hora de pintar a estrela. Está escrita em russo, a tradução significa ‘todo o meu amor’ e eu tenho que ouvir coisas como tá escrito ao contrário?’ ou professores engraçadinhos dizendo que tem um 3,14... O tempo inteiro. É o nome de uma música da banda russa t.A.T.u. e isso me influenciou a escolher. No fundo não tem nada a ver com a banda, é só uma homenagem para quem tem todo o meu amor rs. Se eu não tenho medo de me arrepender? Não, não tenho. Não tive em nenhum momento, mesmo neste ano (poucos entenderão rs), principalmente porque considero a tatuagem parte da minha história. Uma parte que eu não quero esquecer, tudo dando certo ou errado, então quando eu for velhinha olharei meu braço e me lembrarei dessa época.

A segunda eu fiz em 2010 e também ganhei de presente de aniversário. De dezessete anos. Ela doeu, doeu MUITO. Eu não podia me mexer, só podia respirar nos intervalos e... Doeu demais. E eu ainda tinha que ignorar pessoas olhando pros meus peitos me olhando o tempo todo. Adoro. Mas eu faria de novo. É a minha preferida, na verdade. São dez estrelas que contém as cores do Arco-íris. As cores mostram um pouco do que eu sou (hihi).

Um detalhe engraçado é que, dependendo de onde você faz a tatuagem, você se fode BONITO pra tomar banho. Eu sofri com as duas, uma porque não podia usar um dos braços durante o banho e a outra porque é muito difícil não molhar o ombro. A segunda foi mais complicada porque eu também não podia erguer muito o braço, nem fazer movimentos bruscos, nem colocar a alça da mochila (ou do sutiã) em cima e tudo o mais. Mas – de novo – vale à pena e rende umas histórias engraçadas.

ps: Resolvi criar uma tag pra posts não literários aqui no blog. Ela provavelmente não será usada com muita freqüência, porque eu não gosto muito de falar como eu mesma no lugar de alter egos ou personagens. Sinto-me meio exposta demais, embora os textos já digam mais do que seria necessário sobre mim, para pessoas observadoras (ou nem tanto rs).

domingo, 17 de outubro de 2010

The best lies are told with fingers tied.

– Não importa mais.

– Por que não?

– Porque você já esqueceu.

Francamente. Essa foi a coisa mais ridícula que você já me disse, e olha que você já me disse uma quantidade de coisas ridículas e impensadas incontável. Como você pode dizer isso? Como você pode acreditar nisso? Pensei que tivesse aprendido a ler meus olhos em cinco anos – mas você continua a ver apenas o que quer. Como eu poderia te esquecer, pelo amor de Deus? O seu perfume continua vivo em cada parte do meu apartamento, preso no estofamento dos sofás, nos lençóis, nos objetos, nas minhas roupas. Em mim. Cada (maldita) vez que fecho os olhos, quase consigo enxergar o seu sorriso. A sua risada escandalosa. Quase posso te enxergar correndo pelo meu apartamento como uma criança, usando óculos em algum formato idiota e rindo com meu meio-irmão mais novo. Suas bochechas corando de raiva quando alguém vence você no videogame ou conta uma piada sobre a França. Seus olhos queimando os meus sem algum motivo aparente. Todo dia quando vou dormir você volta a estar dormindo, quente e preguiçosa, entre os meus braços. Sua respiração volta a fazer cócegas em meu pescoço e você volta a me provocar como se estivesse sendo tão inocente – e eu volto a achar isso quase tão doce quanto provocante. Você volta a suspirar sob meus lábios e suas mãos voltam a apertar e arranhar minhas costas. E quando eu acordo você não está realmente lá. Eu acordo e tenho que ouvir algo como isso – que eu já te esqueci. A coisa mais ridícula do mundo. Será que você nunca vai perceber, francesa idiota, que eu te amo e que eu nunca vou poder te esquecer?

– Tem razão. Não importa mais.

ps: histórinha TOTALMENTE fictícia dessa vez :B É S/N e eu tive a idéia dormindo (pra variar), então corre o risco de ser apagada em breve (eu tenho crise de postar lawrich aqui no blog e depois apagar), maaaaaaaas XD comentem ;3