quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sobre tanta falta

Ela tem a força de um gigante. Posso senti-la ardendo em meu estômago, apertando meus pulmões com tamanha força que se torna impossível respirar. Ela gosta disso. Quase se diverte. Esmaga meu coração de batimentos cardíacos já dificultados, esgueira-se pelos músculos e os paralisa completamente. Ela me domina. Cega meus olhos e escorrega para dentro de meu já desesperado cérebro. Ela sabe muito bem o que quer. É muito mais do que eu posso dar.

Ela quer você. Quer tão desesperadamente que continuar a me torturar, que não se importa com as lágrimas que se formam nos meus olhos, com os gritos que sufoco nos meus lábios pela madrugada vazia e solitária. Ela quer o calor do seu corpo, quer os seus sorrisos e quer se perder nos teus braços. Quer os teus lábios. Os teus humores. Até as tuas dores e cores, ela quer. Quer você inteira, você pela metade, você normal ou avessa. Desde que seja v o c ê. Quer a tua voz cantando no ouvido dela, os teus suspiros ecoando na mente dela. Ela quer. E quer agora. AGORA!

Não posso mais distraí-la. Não posso presenteá-la com lembranças de um passado caloroso, isso só faz crescer seu desespero – e a minha dor. Não posso mais enganá-la com os olhos fechados, o teu abraço imaginado e o teu perfume dentro de um frasco. Ela sabe reconhecer. Sabe que o cheiro é mais único na tua pele. E não vai desistir enquanto não tiver você.

Enquanto não desiste, cresce a cada dia, hora, minuto, segundo. Torna-se mais forte. Mais intensa. Mais torturante. Continua a tentar me obrigar a levá-la até você. Caso conseguisse, faria-me caminhar mil quilômetros até os teus braços. E está há poucos passos de conseguir, afinal, o que são mil quilômetros perto da falta que você faz?

E eu me encolho. Eu aceito. O calor escapa do meu corpo, encolho-me no chão enquanto ela faz questão de pisar em mim. Pisa, sobe sobre mim e dança. A dor me cega, domina-me ainda mais do que antes. A dor vira eu – eu viro a dor. Eu só posso esperar ate o momento certo. O momento em que verei você. Então ela finalmente ficará mais fraca, será dominada pelo turbilhão de sentimentos que eu sei que sentirei. Ela ficará acalentada pelo seu perfume, dormirá nos teus braços junto comigo e encontrará a paz quando teu calor me envolver.

Sei que ela ficará mal acostumada. Tanto que mal poderá te perder de vista para voltar a martelar minha cabeça, esmagar meus pulmões. Ela irá te querer por perto o tempo inteiro – sem nenhuma pausa. E ela só achará perto o suficiente se puder ouvir o seu coração. Se não te perder de vista. Ela irá querer você inteira. O tempo todo. Sempre.

Ah, essa minha saudade e o vício que ela tem por você!

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