Mostrando postagens com marcador lights and fear. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador lights and fear. Mostrar todas as postagens

sábado, 11 de dezembro de 2010

lights: on. fear: off #theend

– Abra os olhos.

Não fazia sentido. Aquela voz – sua voz – não deveria estar ali. Eu me recusei a abrir os olhos, tive medo que fosse apenas um sonho. Uma alucinação. Talvez eu estivesse bêbada demais. Minha mente leve e a garrafa de vodka vazia no chão me diziam algo sobre isso. Deixei que seu tom de voz suave, embora autoritário, envolvesse-me como sempre. E sorri.

– Abra os olhos. – Você repetiu. – Não queria lutar contra os seus medos?

– Não este. – Murmurei.

– Tudo bem então, mantenha-os fechados.

Senti sua mão envolver a minha com um arrepio agradável que percorreu todo o meu corpo. Só podia ser você. Real. Somente você poderia adivinhar os meus medos, aquele meu simples medo de abrir os olhos e você não estar ali. Mas como? Não fazia sentido. Você deveria estar morta. Deixei-me ser puxada, meus pés descalços tropeçando no nada vez ou outra. Eu não me importei. Sempre confiei você. Quando chegamos em outro cômodo, senti o piso gelado e imaginei estarmos no banheiro.

Meu coração estava batendo forte, rápido. Quando fora a última vez que eu o havia sentido realmente, sem precisar do medo ou da dor das pessoas que eu mais amei? Eu mal podia me lembrar. Mal podia lembrar da sensação de realmente estar viva, de realmente sentir algo. Talvez eu simplesmente seja um erro – e você a minha ligação com o mundo real. Senti a parede em minhas costas e seu corpo em minha frente. Prendi a respiração. Eu podia imaginar você sorrindo. Sua respiração em meu pescoço me arrepiou por completo, senti suas mãos apertarem de leve minha cintura e subirem pela barriga. Mordi o lábio. Suas mãos levaram consigo a minha blusa, até tirá-la por completo. O que diabos você estava fazendo?

Não tive coragem de perguntar. Joguei a cabeça para trás e me permitir suspirar, sentindo seus lábios descendo do pescoço para o colo. Você sempre teve o dom de me enlouquecer. Suas mãos desabotoaram minha calça sem dificuldade, puxando-a para baixo até tirá-la por completo. As pontas dos seus dedos roçando minhas coxas me fizeram perder a sanidade que eu não sabia se tinha. Seu nariz roçou no meu quando você se reergueu, nossas respirações se envolvendo devagar. Sem permitir que eu a beijasse, sua mão buscou a minha e me entregou um objeto gelado. Meu punhal.

– Você sabe o que fazer.

– Eu não...

Por favor, amor.

Estremeci. Por que eu não conseguia resistir a você? Enquanto os dedos de sua mão livre voltavam a acariciar minha cintura com carinho, levei o punhal até minha própria coxa para o que seria o último dos meus cortes. A ardência me fez gemer baixo e largar o objeto no chão, sentindo o sangue escorrer. Seus dentes apertaram meu colo; mordendo-me. Eu estremeci outra vez.

– Abra os olhos. – Murmurou, afastando-se de mim. – Abra.

Eu obedeci e meu coração bateu forte. O horror impediu que o grito escapasse de minha garganta, retraí o corpo contra a parede quase sem consciência. Estava escuro, mas não completamente. A luz vermelha escura iluminava parcialmente as máscaras e rostos de cera deformados presos às paredes, assim como as incontáveis máscaras de palhaços. Todos eles me encaravam, agourentos. Provocantes. Mórbidos. E de repente eu estava tremendo, assustada. Aquele era o gosto do medo, desta vez o meu próprio.

– Lute contra seus medos. – Você murmurou. – Não era este o objetivo?

É claro que você sabia. Conhecendo-me melhor do que ninguém, talvez até mesmo melhor do que eu mesma. Depois de ter lhe perdido pela primeira vez, eu percebi que não podia passar por aquilo novamente. O maior dos meus medos: Perder as pessoas a quem amo. Eu percebi que precisava lutar contra isso. Foi por isso que matei você e todos eles.

– O que eu devo fazer? – Perguntei, incerta.

– Entre na banheira.

– Você vai ficar comigo?

– Sempre.

Tentei não olhar para as paredes. Tentei ignorar a sensação de que havia algo me observando do escuro – algo além daquelas expressões contorcidas saídas dos meus pesadelos. Percebi, mas não prestei realmente atenção em alguns aparelhos sobre a pia, e entrei devagar na água. Estava gelada e senti algo gelado e pegajoso grudar em minha perna.

– O QUE DIABOS...

– Continue...

Sapos? Engoli o nojo que me dominou, sentindo o pequeno animalzinho se mover devagar em minha pele, mas minhas pernas haviam travado. Eu não podia continuar. Eu não conseguiria fazer aquilo. Então senti suas mãos em meus ombros nus, empurrando gentilmente naquela direção e simplesmente obedeci. Outra vez. Deitei-me completamente, a cabeça apoiada para o lado de fora e a água gelada me encobrindo até o pescoço. Minha expressão era de nojo, eu sabia disso. Ainda podia sentir as patas geladas e escorregadias se movendo pela minha pele. Sentando-se na beirada de mármore da banheira, você se abaixou em minha direção. Seus lábios tocaram os meus demoradamente e, por um instante, eu esqueci de todo o resto do mundo.

– Foi você quem escolheu.

Murmurou com os lábios ainda próximos dos meus e, ao se afastar, apertou um dos botões do aparelho sobre a pia. A corrente elétrica fez meu corpo contrair num espasmo violento e eu gritei. Quando a sensação passou, meu corpo ainda formigava. Meus olhos lacrimejavam. Eu quis levantar, mas não sentia força alguma. Busquei seus olhos e você sorria. Parecida demais comigo.

– Você acha que valeu a pena? – Perguntou. Havia raiva em sua voz. – De verdade?

– Eu precisava. – Murmurei.

– Precisava me matar? Matar seus amigos? Todas as pessoas que te amavam?

– Que eu amava.

– Faz parecer ainda pior.

Você apertou o botão novamente e eu gritei outra vez. Demorou mais. Talvez uma eternidade em alguns segundos. Meu coração poderia parar a qualquer momento. Minha respiração. Minha vida. Eu não soube por quanto tempo gritei. Não soube se minha voz continuou saindo ou se perdeu em algum lugar. Eu não podia ver, sentir ou ouvir nada além da dor. Quando acabou, eu tinha apenas metade de minha consciência. Vi seu rosto fora de foco diante de meus olhos – o rosto que eu tinha amado, se eu pudesse ser capaz disso. Eu tinha minhas dúvidas. Seus lábios tocaram minha testa uma última vez e suas mãos apertaram meus ombros, empurrando-me para baixo devagar.

– Por que você está fazendo isso? – Perguntei.

– Você sabe que eu não estou fazendo nada. – Você respondeu, fazendo-me mergulhar completamente na água. – Foi você quem escolheu. É você quem está fazendo isso. Você sabe que eu não estou aqui, amor. Você me matou.

Eu ia morrer. Não me importei com isso. Apenas fechei os olhos, sentindo meu pulmão arder em busca de ar enquanto suas mãos me prendiam firmemente no fundo da banheira. Eu sabia que você não estava ali. Você era apenas minha imaginação. Minha.

Mas não se deixe enganar. Esta não foi uma história sobre amor – foi uma história sobre medos.

Os seus e os meus medos.


---------------------------------------

ps: caso alguém não tenha reparado, inverti o tiulo. Lights on porque não estava tudo escuro, Fear off porque ela morreu rs

ps¹: caso alguém não tenha entendido, a menina no texto não existe, está morta. Foi uma das vitimas anteriores... A assassina se matou, mas imaginou que a menine que ela amava é quem estava fazendo tudo aquilo.

ps²: acabou tudo :/ desculpem por não ter matado alguns de vocês, mas eu tinha que aproveitar a inspiração pra fazer o final... Espero que tenham gostado :P

domingo, 21 de novembro de 2010

lights: off. fear: on #5

Seus olhos se abriram e encontraram nada além da escuridão a envolvendo, no mesmo momento em que o cheiro fez seus pulmões arderem em horror. Tentou se mover, mas percebeu suas mãos e pés marrados à superfície mole em que você estava deitada. Durante segundos que lhe pareceram horas, não houve nada além do escuro e daquele cheiro de fezes e carne em decomposição. Sob você. Sujando sua pele, seu cabelo, talvez até sua alma. Seu estômago revirou, rejeitando àquela idéia terrível, mas você não pôde fazer nada além de tentar respirar com calma e pouco sentir. Nada além de tentar manter o controle. Tão típicos seu. Tão inútil.

– Você demorou para acordar. – Eu falei. – Estava ficando entediada.

Você estremeceu de susto ao perceber que não estava sozinha. Levantei-me, deixando o copo de suco na mesinha ao meu lado, e acendi a lanterna que tinha numa das mãos. A luz machucou seus olhos e eu a direcionei para a pequena caixa de madeira em que você estava presa. Iluminei a areia em que você estava deitada. Areia com fezes e o cheiro inconfundível e forte da urina de gatos. Os seus gatos. Duros, com os pelos dos corpos em decomposição roçando sua pele seminua. Ao perceber isso, seu corpo estremeceu num espasmo involuntário. Eu sorri, abaixando-me ao seu lado.

– Eu, se fosse você, tentaria não vomitar agora. Não terei o trabalho de limpar e isso vai ficar mais nojento do que já está. E não me culpe por isso, se você não fosse tão certinha, enjoada e organizada... Talvez o seu fim fosse mais digno. Mas eu acho que ele condiz com você.

Pisquei um dos olhos, divertida, levantando-me. Tão arrogante, tão cheia de si. Sempre acreditando ser superior aos outros. Sempre achando qualquer um indigno de sua atenção, amor ou perdão. No fim, você retornava exatamente ao que era: Nada.

– Quero fazer uma brincadeira com você. Roleta-russa, sabe?

É claro que sabia. Seus olhos se arregalaram, o horror exalando das íris escuras tanto quanto sua pele. Chegando até mim de modo puro e cru. Envolvendo a sala de medo, o seu medo. Meu relaxante natural. Retirei apenas uma bala e o revolver do bolso, colocando-a no tambor e o fechando. Em seguida, afastei-me um pouco e bebi mais um gole de suco de morango antes de pegar uma caixa encostada ao lado de minha cadeira.

– Já que você está impossibilitada de se mover, nossa brincadeira será um pouco diferente do que o normal. Nenhuma de nós sabe em qual posição está a bala e eu irei mirar em seis partes, vitais ou não, de seu corpo. – Fiz uma pequena pausa. – Acaba quando a bala for descoberta. Preciso avisar que doerá, sim, mas pode ou não ser um tiro fatal. Tudo depende da sua sorte.

Abri a caixa sobre você e algo – vários algo – atingiu seu corpo sem força alguma. Pequenos animais de patas ágeis, os rabos roçando sua pele enquanto subiam e desciam. Outros pareciam menores. Cheiravam-na, abrigando-se debaixo de seus braços, entre suas pernas, em seu cabelo curto. Quando você percebeu do que se tratavam – ratos e baratas de diversos tamanhos – o grito de horror finalmente escapou. Histérico. Descontrolado.

Eu não pude fazer nada além de sorrir, extasiada.

– Eu poderia tentar te dar alguma lição de moral. Falar o quão odiosa você consegue ser, quando quer. Falar sobre como você só acha que pode magoar qualquer um sem ser magoada. Sobre como você não é uma daquelas patricinhas das séries que gosta de assistir. Mas não ajudaria muito.

Distraída, mirei em uma de suas coxas. O horror a consumia, fazendo seu ar faltar, misturando-se ao odor que a envolvia. A lanterna continuava ligada, formando um pequeno espaço iluminado entre nós duas e seus novos amigos.

– Você só precisa me dizer quando quer que eu atire, ok? Se a bala não estiver lá, tudo bem. Tentaremos de novo e de novo. Mas não precisa ter pressa.

Saber que precisaria pedir para que eu atirasse fez seu medo crescer. Eu podia senti-lo, quase tocá-lo. Dançar com ele, comemorar e rir enquanto ele se tornava uma companhia agradável para mim e atormentadora para você.

– Até se sentir pronta... Apenas diga-me: Quais são os seus medos?

domingo, 24 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #4

Seus olhos se abriram para o nada. A escuridão total o preencheu com um vazio de desespero que gritou dentro de você. A primeira coisa da qual teve consciência foram as pequenas pata deslizando pela sua pele nua. As antenas de centenas daqueles pequenos animais marrons escuros roçavam seu corpo, causando uma sensação de cócegas e nojo. Alguns deles tentavam abrir as asas para voar, mas – no escuro – acabavam tombando contra o vidro que envolvia você deixando apenas a cabeça de fora e caíam novamente sobre sua pele. Foi com certo desespero que você notou que um dos insetos – o que estava parado sobre sua coxa esquerda, beliscando sua pele junto com o algo que ele comia – era grande demais. As patas grudaram em sua pele enquanto ele se arrastava lentamente como uma barata de doze centímetros andando sobre seu corpo. O nojo o fez se debater com violência.

– Acalme-se. – Eu murmurei ao lado de seu ouvido. – Eles não são venenosos.

– QUEM É VOCÊ? – Você gritou? – ONDE EU ESTOU? TIRE ESSAS COISAS DE MIM!

– Ora, mas me apetece deixar essas coisas sobre você.

Seu corpo enrijeceu ao reconhecer o modo característico de falar que você havia dado ao seu personagem. Eu sorri sozinha, levei o copo de suco aos lábios enquanto afundava a lâmina pela quarta vez em minha pele. A dor, o sangue e o morango – uma combinação doce e cítrica. Minha última morte tinha me deixado satisfeita – o único problema era que eu não poderia repeti-la várias e várias vezes – por um tempo, mas eu precisava continuar. Por que eu o escolhi para ser o próximo? Não sei. Talvez porque você estivesse quase me implorando para ser morto. E eu, meu querido, costumo ser generosa. Ou quase.

– VOCÊ ESTÁ LOUCA? – Uma pergunta interessante, finalmente. – TIRE-ME DAQUI!

– Loucura é algo relativo. – Respondi com tranqüilidade. – Não acha?

O click veio seguido pelo feixe de luz lançado para o teto. Direcionei a lanterna para você e sorri com a minha pequena obra de arte: Os besouros – animais inofensivos e não venenosos, infelizmente – enchiam o cubo de vidro onde você se encontrava preso. Eu sabia que a sensação de asco crescia enquanto você os sentia caminhar tranqüilamente por sua pele, seu desespero crescente causando minha satisfação crescente. Você só conseguiu enxergar com um olho. Não sentia o outro – sem visão, sem leitura. Não que você fosse sair dali vivo.

– O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU OLHO, SUA LOUCA?

– Ah, – Ergui as sobrancelhas, distraída enquanto bebia mais um gole de suco. – Desculpe-me a falta de gentileza, irei lhe mostrar.

Retirei do bolso o pequeno espelho e direcionei a luz de maneira como você pudesse ver seu próprio reflexo. O rosto imóvel por uma estrutura estranha de ferro que se erguia até seu cabelo, prendendo-o a algo que você não pôde enxergar. Mas o que o fez grunhir em desespero – quase a ponto de esquecer os insetos caminhando sobre você – foi seu olho cego. Dez agulhas o espetavam. Você não o sentia por conta da anestesia. Eu sorri débil e balancei o vidro com mais algumas agulhas diante de seu rosto. Ainda restava um dos olhos, meu querido.

– O QUE? N-ÃO! – Você gemeu. – Por favor.

Eu gosto quando vocês começam a implorar. É divertido. Deixei o pote de lado e retirei do bolso um pequeno isqueiro, mantendo-o aceso. O calor sobre sua bochecha cresceu lentamente, até começar a se tornar incomodo. Ergui a chama por todo o seu rosto, fazendo algumas gotas de suor escorrer por sua nuca, aproximando o fogo o suficiente e pelo tempo bastante para que pequenas feridas começassem a se formar. Você urrou, incapaz de falar enquanto eu destruía mais algo seu: O narcisismo. O copo de suco estava pela metade quando comecei a me entediar.

– Okay. – Exclamei, espreguiçando-me. – Vamos conversar!

Seu silêncio me fez suspirar. Tudo bem, você pediu. Ergui a mão para a válvula ao lado do equipamento instalado sobre sua cabeça, girando-a uma vez para trás. Seu cabelo esticou, preso ao equipamento. Não o suficiente para machucar, mas para lhe fazer perceber o que aconteceria caso eu girasse mais uma vez. E mais uma, e mais uma, e mais uma... Até seu cabelo ser totalmente arrancado de sua cabeça. Com sangue, medo e dor.

– Parece que você finalmente acabará a sete palmos da terra, hm? – Sorri, imitando com uma perfeição tranqüila e calmo o modo de falar do seu personagem. – Eu sei que me perguntará: Por quê? Ora, dou-lhe a resposta: Porque eu quero!

Mais uma volta. A dor começou a incomodá-lo quase mais do que os besouros andando sobre sua pele. Bebi mais um gole de suco e me coloquei próxima de seu rosto enquanto pegava uma agulha e sorria. Eu tinha bastante tempo para aquilo: Uma agulha e uma volta. Uma agulha e uma volta. Uma agulha e uma volta. E se em algum momento se perguntou se eu me satisfazia com a sua dor, a resposta é negativa. Não. Eu me satisfazia com o seu medo. O de ficar cego, o de perder o cabelo, o de insetos, o de morrer. E principalmente o medo que você sentia de mim.

– Você pode me pedir para parar quando quiser, certo? Eu não sou assim tão má. Posso te matar logo, se assim desejar. – Eu comentei casualmente. – Agora, fale-me sobre seus medos...

ps: oi, alter ego x3 não gostei muito desse, maaaaaaaaaaaaas vai saber né. nunca gosto muito mesmo rs

ps²: O besouro gigante

ps³: Obrigada @marylazarini por ajudar com algumas idéias hihi

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #playingjigsaw

Sentimentos me irritam. É por isso que eu tento evitá-los – assim como as pessoas. Irrita-me o fato de perder o controle sobre eles quando menos espero. Eles se tornam incômodos e, quanto mais tento mantê-los em minhas mãos, mais eles fogem. Sentimentos me irritam. É por isso que me livrei de todas as pessoas que me faziam senti-los. Resta o vazio. Algumas pessoas se vêem desesperadas diante dele. Eu, particularmente, admiro. Principalmente porque posso mantê-lo sobre meu controle. Eu o domino.

Foi um sentimento – cabe a você descobrir qual – que me levou àquela casa desconhecida. Eu estava sob o controle dele e não podia mais argumentar que não queria fugir às regras – minhas regras. Eu não tinha escolha. Eu precisava matar. Por mais que eu não conhecesse o seu medo; por mais que eu sequer o conhecesse direito. Então eu usei a desculpa perfeita para enganar a mim mesma e me convencer definitivamente: Eu não conhecia os medos, mas eu podia – segundo minhas recentes descobertas – ser o seu medo. E, acredite, foi divertido.

Seus olhos se abriram para o escuro da luz baixa. Assustado, fitou-me. Eu brincava, mais uma vez, com o punhal nas mãos. A lâmina quase chegava a me cortar. Sorri para você e seus olhos se arregalaram. Você estava assustado, mas assustado não me era o suficiente. Esperei, em silêncio, enquanto você tateava as paredes de vidro que o prendiam apertado, sem poder se pôr de pé ou erguer completamente as mãos. Quando você tentou se mover mais e sentiu que estava preso pelo – eu odeio essa palavra – pênis, arregalou os olhos. O medo começou a surgir e eu sorri. Guardei o punhal e, calmamente, tomei um gole de meu suco de morango. Eu não ia me cortar. Não por você – você nunca fez parte das minhas vitimas. Foi apenas uma diversão.

– Você assistiu ao filme jogos mortais? – Seus olhos se voltaram para mim. – Quando eu era mais jovem, o jigsaw foi um dos meus serial killers preferidos. Eu gostava do que ele fazia, sabe? Dar uma chance às vitimas. Naquela época, tive uma idéia (modéstia parte) genial. Sempre esperei por uma oportunidade e, como você não faz parte das minhas vitimas normais, posso brincar um pouco. Mas não vou falar toda aquela coisa de live or die, make you choice. Sinto muito, mas é muito drama para a minha mente. Eu odeio drama, e você?

Eu estava tagarelando alegremente enquanto você tentava livrar seu órgão sexual do pequeno buraco que o prendia; fazendo metade dele pender para fora da máquina onde estava preso. Eu precisei rir sozinha. Lembra-se de como mencionei o quanto foi divertido?

– Você está preso numa máquina de pipoca, caso queira saber.

Dei de ombros, levantando-me e levando meu copo comigo. Tomei outro gole, passando a ponta da língua sobre os lábios e sentindo o gosto do morango. Aproximei-me o bastante para apoiar o nariz no vidro, bem próximo do seu rosto e, com a mão livre, girei um botão do lado de fora da máquina. O barulho como o de um fogão ligando e o fogo surgindo sobre uma pequena panela de metal aberta sobre sua cabeça ecoou pelo lugar. Sorri mais.

– O óleo, quando esquentar, começará a respingar. As laterais do vidro são bem lacradas, caso esteja se perguntando, e eu tenho óleo o suficiente para encher toda essa máquina. Há um pequeno botão ao lado de sua mão esquerda, basta girá-lo para que as trancas de uma das laterais se abram e você esteja livre.

Falsa esperança. Outra de minha sensações preferidas. Afastei-me apenas um pouco do vidro, observando-o com atenção. Você começou a girar o botão, mas sentiu os dois lados da navalha afiada pressionando seu pênis. O pequeno corte que surgiu veio seguido dos primeiros respingos de óleo, atingindo suas coxas nuas e deixando marcas avermelhadas sobre sua pele. Você gritou e eu sorri.

– POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? – Gritou, choramingando.

Eu gosto quando vocês – em especial os homens – fazem isso. Transformam-se. De homens poderosos à menininhas chorosas em alguns minutos. É quase – quase – melhor do que o medo que posso sentir e quase tocar. Seus gritos retornaram e eu simplesmente fechei os olhos; apreciando-os. Era o seu querido órgão sexual contra a sua vida. Já diria o jigsaw, embora eu tenha dito que não falaria isso: Make your choice.

– Desculpe-me, é uma questão complicada. – Eu suspirei, como se realmente estivesse chateada por não poder contar meus motivos. – E você não tem muito tempo.

Demorou alguns minutos. Alguns minutos de choro, lágrimas e pedido de misericórdia. Minutos de suco de morango, prazer e medo. Minutos de gritos. Então, finalmente, o barulho seco das navalhas e os seus gritos aumentando ainda mais. Ao menos não me desapontou. Seu pênis, separado do corpo, caiu no chão. Em seguida, um dos vidros laterais e então seu corpo. Caiu de joelhos, sobre os cacos de vidro, fazendo mais parte de seu corpo sangrar. Olhou-me como se pedindo misericórdia, gemendo alto de dor, e eu sorri.

– Acha mesmo que eu o deixaria sair? – Perguntei, rindo. – Eu disse que gostaria de brincar de Jigsaw, querido, não que queria imitá-lo. Além do mais...

Retirei o punhal do bolso, repousando o copo de suco no chão, e me aproximei de você por trás. Você tentou evitar, mas foi em vão. Puxei-o pelo cabelo curto, fazendo seu rosto se inclinar para trás e aproximei os lábios de seu ouvido. Num movimento rápido, afundei o punhal em sua garganta. O ferimento o impediria de gritar, mas não era o suficiente para uma morte rápida.

– Eu odeio sons altos e seus gritos me irritam. – Murmurei, largando-o no chão, para morrer lentamente.

E em silêncio. Nada melhor que o silêncio.


ps: acho que os meninos acharão essa postagem mais tensa do que as meninas rs

ps²: ele não faz parte das vitimas normais (baseadas nos meus amigos), mas TODAS as vitimas são baseadas em pessoas reais #dik

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #3

Gostaria que ela tivesse sido a última – como foi a melhor, mas as coisas não são simples assim. Não me entendam mal. Ela sempre será a minha preferida, mas eu precisei continuar. Eu precisei sentir o aroma, o sabor e a loucura do medo novamente. Do medo alheio, antes que o meu próprio me dominasse. Não se trata de obsessão, de prazer ou de diversão. Trata-se de p r e c a u ç ã o. Nada mais (pelo menos depois dela).

O corredor estava escuro e a minha cadeira, mais uma vez, postada ao lado de uma mesinha de vidro com uma grande de taça de suco de morango. Morango e medo. Nada melhor. Sua consciência retornou exatamente quando e como eu havia previsto: Lentamente. A luz forte postada sobre a mesa cirúrgica em que você estava amarrada fez seus olhos sensíveis doerem, obrigando-lhe a fechá-los. Você tinha uma opção: Cega pela luz ou pela escuridão. A escolha não me importava nenhum pouco. Você não me importava – apenas o seu medo.

O desconforto nasceu dois segundos depois. O que está acontecendo? Perguntou-se, tentando inutilmente soltar as mãos acorrentadas à mesa gelada. Então o desconforto se converteu naquilo de mais admirável, mas primitivo e mais sincero em um ser humano: O medo. O medo do desconhecido, da morte, da incerteza. E enquanto eu me deliciava com ele, deixei a lâmina afundar em minha coxa pela terceira vez.

A ardência foi leve e o sangue escorreu pela pele branquíssima, enquanto eu erguia o punhal até a parede de pedra logo ao meu lado. Arranhei a parede, provocando um chiado baixo e – para você – ameaçador. Silêncio. Sua respiração ofegante. Um gole de suco para mim. Arranhei novamente. Protegida pelo escuro atrás de você, observei seu rosto girar de um lado para o outro, agitado. De onde vinha aquele barulho? Havia alguém a espionando? Você estremeceu só de pensar na possibilidade.

– QUEM ESTÁ AÍ? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? APAREÇA!

Seu desejo é uma ordem, pequena garota. Peguei a mascara apoiada no chão e encaixei na cabeça, deixando meu precioso suco de morango para trás enquanto o som do meu salto a deixava angustiada. Alguém estava se aproximando. Eu estava. Ergui uma das mãos à lâmpada – a outra ainda segurando o punhal – e afastei um pouco, permitindo-lhe ver. Ver a mim. O grito de horror ficou preso em seus lábios quando seus olhos azuis esverdeados se arregalaram e você se encolheu. Pela primeira vez, eu era inteiramente o medo de alguém e aquela foi uma sensação boa.

– Diga-me, o que te faz sentir medo? – Perguntei.

A máscara brincou com você. O cabelo vermelho, desgrenhado, um tufo de cada lado de minha cabeça. O rosto de cera pálido e vazio possuía uma rachadura no que seria uma das bocehchas. O grande contorno vermelho nos lábios que formavam um sorriso deformado, o nariz gigante e redondo da mesma cor e os babados coloridos em torno do meu pescoço. Poderia ser cômico para qualquer um – mas não para você. A única coisa verdadeiramente minha eram os olhos, brilhando ameaçadores, insanos, por trás da máscara. O mesmo olhar que você sempre vira dos homens que se fantasiam de alegria.

– Medo de palhaços. – Comentei, descontraída, girando o punhal nos dedos à altura de seus olhos. – Eu te entendo nisso. Você vê a verdade por trás das máscaras, é por isso que os teme tanto. Agora, tente não se mover, okay? Não quero te machucar.

Mentira. Mas nunca me importei com mentiras. Apoiei a ponta da lâmina em sua coxa nua, subindo-a devagar pelo seu corpo, sem cortar. Eu não havia tocado em minha última vitima simplesmente porque eu não conseguiria machucá-la. Mas você? Um sorriso marcou meus lábios quando seu corpo estremeceu sob a lâmina que eu agora subia pela sua barriga, contornando os seios, quase sendo carinhosa. Então parei exatamente sobre o ombro. E afundei.

O sangue manchou a sua pele e a minha. Meu sorriso de palhaço estava há dois centímetros do seu rosto enquanto seu corpo arqueava o máximo possível e você gemia de dor. Eu ri. Alto. Deixei o punhal cravado em sua pele e estendi as mãos até seu rosto, encobrindo sua boca e seu nariz. Impedindo-a de respirar. Você se debateu, evitando meus olhos quase tão maníacos quanto a mascara que eu usava. Eu estava prestes a me perder.

– Medo de morrer asfixiada. Que bobinha. – Sorri. – Tantas maneiras piores de morrer.

Seu corpo se debateu por alguns segundos, você gemeu alto e tentou se livrar das minhas mãos, a dor lhe consumindo enquanto seu pulmão gritava por ar. Nada de animais desta vez – eu estava mudando o meu modo de agir? Um pouco. Detesto repetições. Eu poderia encontrar outra vitima para voltar a usar os animais. E o principal continuava ali: O escuro e o medo.

Afastei-me do corpo, a adrenalina momentânea começando a se converter em tédio novamente. Joguei a mascara para o lado – como eu odeio palhaços! – e sentei-me para terminar o meu suco, os braços ainda sujos de sangue. A diferença foi que, quando seu coração parou de bater sob as minhas mãos, eu não estava apenas causando o seu medo. Eu fui a personificação dos seus medos até o seu último segundo de vida. Essa nova descoberta me agradou.


ps: já que virou uma série, resolvi me aprofundar mais na personagem e não só nas vitimas. 'Ela' à quem a personagem se refere no começo do texto é a última vitima.

ps²: Acho que esse não ficou tão amedrontador rs Foi algo mais tortura fisica do que emocional, mas foi o que a vítima em questão me contou em off (e eu acrescentei algumas coisas, óbvio :p)

ps³: Espero que tenha ficado bom/aceitável como os outros dois ;-; comentem, quem não comentar será a próxima vitima (e se já foi, eu mato de novo! iariariar)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

lights: off. fear: on #2

A primeira coisa de que você tem consciência ao acordar é que está deitada. Tenta mover as mãos, mas percebe que estão amarradas. A água encobre seu corpo, com exceção do rosto. Frio. Tão frio que seu corpo inteiro dói. Onde eu estou? É seu primeiro pensamento, antes mesmo de abrir os olhos, e ao fazê-lo deseja que tivesse sido o último. Suas pernas estão encolhidas por falta de espaço, os braços rentes ao corpo e sua respiração embaça um pouco o vidro acima de você, de tão próximo que ele está. Você percebe que está presa numa espécie de caixa transparente apertada e imediatamente se sente claustrofobica. O ar lhe escapa, como se seus pulmões tivessem se reduzido ao tamanho de uma pequena uva, incapaz de satisfazer todo o seu corpo. Força os pulsos contra o que a prende, movendo as pernas e fazendo a água se agitar, numa tentativa inútil de escapar.

– Não vai adiantar.

Seu rosto gira, acompanhando minha voz quase entediada, mas não consegue ver nada além da escuridão. O escuro e o barulho da chuva forte atingindo as paredes daquele velho galpão abandonado. O lugar perfeito para alguém como eu – e como você. A trovoada forte ecoa demorada e, combinada com o flash de luz que escapa pelas janelas de vidro lá no alto, faz você estremecer violentamente e fechar os olhos com força. Ah, como é doce o cheiro do medo. Até mesmo o do seu medo.

– Admito que estou esperando há um bom tempo, mas parece que encontrei a noite perfeita. Agora, diga-me, o que te faz sentir medo?

Sorri. É claro que eu sabia. É claro que você não responderia. Tantas coisas óbvias. Óbvias como você. Eu fechei meus olhos, deixando-a ser envolvida e dominada pelo próprio medo. O frio. O ar fugindo. A tempestade rugindo sobre nossas cabeças. O escuro. A incerteza. Conclui a minha parte do ritual; deixando a lâmina escorregar e o sangue pintar minha coxa que já continha algumas outras cicatrizes idênticas. Não que eu goste da dor. Trata-se de redenção. Fugir i n f e r n o. Um corte por uma morte. Talvez não seja justo – é apenas o suficiente para me enganar.

– Tenho uma surpresa para você! – Eu sorri, alegre, enquanto me levantava. – É só algo para dar um toque especial. E, por favor, seja agradável! Eu me esforcei para pensar, porque ter medo de galinhas me soou um pouco bizarro demais. Sério.

Quando me aproximei e acendi as lanternas presas a pequenas mesinhas que envolviam o cubículo em que você estava presa, o grito de horror ficou preso em sua garganta. Treze galinhas empalhadas e parcialmente iluminadas pelas lanternas formavam um circulo ao seu redor. Os bicos abertos, as asas estendidas e os olhos presos à você pareciam agourentos. Assustadores. Você se debateu mais, a trovoada que ecoou me fez soltar uma gargalhada enquanto você estremecia com ainda mais horror.

– E agora o toque final... Talvez eu tenha exagerado, mas gosto de exageros. E aí vai o aviso de sempre: Elas não vão te atacar, se você não se mover.

Desespero. Frio. Horror. Nojo. Escuro. As dez pequenas cobras deslizaram pela água do meu pequeno aquário – que continha você. Algumas se enroscaram em seu tornozelo, subindo geladas e pegajosas por suas pernas, até as coxas. Outra deslizando por seu rosto, fazendo-a contrair os lábios e conter um soluço quando a trovoada cortou o céu e iluminou a escuridão, fazendo os olhos da galinha morta parecerem piscar divertidos para você.

– As regras são simples: Peça-me para acabar com tudo isso. Do contrário, você ficará aí. A tempestade talvez passe, mas não todo o resto. Não tenha pressa, ok? Eu estarei aqui. Sempre aqui.

A sentença final. Afastei-me, sumindo novamente na escuridão. Sentei à minha cadeira, tranqüila, esticando o braço para a grande taça de suco de morango. Morango e medo. O seu medo.

ps: meu alter ego assassino dominando meu alter ego romântico. por quanto tempo? rs e não gostei tanto desse, mas...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

lights: off. fear: on

Fechou os olhos, a lâmina gelada pressionada contra a coxa com uma leveza contraditória. A ardência seguiu uma linha fina por sua pele e em seguida veio o sangue. E a dor. Jogou a cabeça para trás e sorriu. O coração batia em seu peito, mas estava realmente viva? Tudo o que podia sentir no momento era o desejo. O desejo dele. O veneno pulsava em sua veia, espalhando-se por seu corpo numa velocidade inacreditável.

– O que diabos você está fazendo?

A voz rouca e assustada a despertou dos pensamentos. A faca descansou sobre a coxa que ainda sangrava, manchando a pele pálida de vermelho. Reabriu os olhos, ainda sorrindo. Sempre sorrindo. Homem branco. Entre trinta e trinta e cinco anos de idade. Amarrado numa cadeira. Sangue escorrendo de sua sobrancelha e de algum ponto em seu ombro. Sujo. Totalmente nu. Os olhos castanhos sempre frios, sempre arrogantes, sempre machistas, fitaram os dela.

– Diga-me, você lembra o que te faz sentir medo?

Sua voz soou calma, divertida. Ele estremeceu. Brincou com o objeto afiado entre os dedos, girando-o. Torturando-o sem nem se mover. A demora a instigava. Era como sexo – talvez até melhor. Como quando se chega quase ao ponto máximo de prazer e para. E espera. E provoca. E brinca. A insanidade brilhava em seus olhos claros. O desejo pulsava mais e mais forte. E ao contrário do que o que haviam imaginado, ao contrário do que sempre demonstrara, nunca fora boa em se controlar. Ao menos não naquilo.

– Sabe àqueles medos de infância? – Comentou casualmente. – Aranhas? Escuro? Será que você realmente os superou?

Um click e as luzes se apagaram. Tudo escuro. Por um, dois, três segundos... E um feixe de luz surgiu da lanterna dela. Levantou-se. Os passos ecoaram pelo salão vazio, exceto pelos dois. Aproximou-se. A luz muito forte direto nos olhos dele o fez virar o rosto e apertar os olhos. E então seu corpo enrijeceu ainda mais. Palavras desconexas voaram de seus lábios e forçou os braços e as pernas contra as cordas para tentar se soltar. Sabia que não conseguiria. Os olhos arregalados se prenderam na mão livre nela: Um pote transparente cheio de aranhas.

– NÃO! NÃO FAÇA ISSO! POR FAVOR!

– Oras, vamos lá. – Ela riu, divertida. – Só um pouco de animação aqui, estou começando a ficar entediada. Escute-me: Elas não vão te atacar se você não se mover. Simples, não é?

Outro click. O escuro total preencheu o galpão, o ar, os pulmões. Demorou alguns barulhos estranhos e um minuto, e então ele sentiu. As patas do primeiro animal tocaram sua pele nua, correndo curiosamente pela parte interna de sua coxa. A segunda aranha correu barriga acima. A terceira foi depositada cuidadosamente em seu ombro e a quarta no alto de sua cabeça, escorregando por seu rosto. Gemeu sem mover os lábios, o corpo inteiro rígido, cheio de nojo e repulsa, estremecendo sob o contato daqueles pequenos animais mortais.

– Quando você se acostumar com elas. – Disse, piscando a lanterna algumas vezes. – Começará a notar no escuro. Mas não se preocupe, não há nada nele para temer. Além das aranhas... E à mim, talvez.

Outra risada. Belo senso de humor. Voltou para sua própria cadeira. Pernas cruzadas, a lâmina afiada contra a pele mais uma vez. A dor novamente – e o impulso. Luzes apagadas. Olhos fechados. Bebeu um gole do suco de morango deixado na mesinha ao lado, a mistura entre o azedo e o doce a relaxou. A divertiu.

– Você só precisa me pedir para acabar logo com isso. Mas não tenha pressa, eu tenho a noite toda. Quanto mais você demorar, maior será a minha diversão. Sério.

Inspirou profundamente. O cheiro a invadiu, fazendo o sorriso retornar. Era o cheiro do medo. O sentimento mais apreciado por ela. O medo dos homens era, em particular, seu preferido. Era doce e atraente. Melhor do que sexo. Melhor do que matar. Vida em seu estado mais primitivo: O medo.

ps: dexter demais causa... isso.