sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Par (Im)Perfeito

Eu te odiei desde o primeiro momento.

Você conseguiu ser insuportável desde aquele misero segundo, olhando-me daquela maneira tão irritantemente indiferente que eu poderia ter pintado o cabelo com mais dez cores só para chamar sua atenção. Seis anos. Como nós suportamos? Acredito que deveríamos receber prêmios por ainda estarmos vivas – e juntas. É provavelmente algo mais inacreditável do que passar vinte semanas com uma música no topo e nós já fizemos isso. Várias vezes.

Ninguém no mundo poderia ser mais diferente de mim do que você. Ninguém no mundo poderia ser tão irritante quanto você. E a pior parte: Ninguém no mundo poderia me fazer tão feliz quanto você. Irônico, não é? Life is a bitch, Goodrich. É você quem diz isso. Você e esse sotaque britânico idiota. Esse sotaque sussurrado, forte e tão irresistivelmente sexy. Afinal, eu preciso concordar com você. Life is my bitch.

Eu odeio sua mania de implicar comigo o tempo inteiro. Sua mania de me contrariar o tempo inteiro. Odeio quando você vive lembrando o quanto eu sou pequena, lerda, desastrada e esquecida. Odeio quando não me deixa pintar o seu cabelo e reclama que as minhas roupas são curtas. Odeio mais ainda quando usa roupas ainda mais curtas só para me provocar. Odeio quando você me constrange e o como fica olhando fixamente para mim quando estou dormindo.

Odeio quando você esquece de dar comida para a Zoe, quando fica bêbada demais ou quando dirige rápido demais. Odeio sua responsabilidade exagerada, sua mania de fazer tudo na hora certa, sua mania de organizar as minhas coisas. Odeio quando me troca por livros, pela sua câmera ou por algum filme chato. Odeio quando você finge que não liga para mim e me ignora só para se divertir. Odeio sua arrogância, seu maldito sorriso como se fosse a pessoa mais foda e hot do mundo.

Odeio mais do que qualquer outra coisa quando nós brigamos. Quando você me faz, ou eu te faço, chorar. Odeio quando somos duas idiotas orgulhosas. Odeio a freqüência com que isso acontece. Odeio quando durmo no quarto de hospedes do seu apartamento, porque mesmo putas de mais uma com a outra, você me impede de sair. Odeio estar a meio caminho do meu apartamento e você me ligar pedindo desculpas. Odeio sempre voltar.

Eu odeio, Goodrich, cada estúpido segundo em que estivemos separadas.

Você tem essa mania idiota de me acordar todos os dias dizendo que me ama. Essa mania idiota de levar café da manhã para mim na cama e de deitar comigo o dia inteiro, sem precisar fazer nada: Apenas conversar e rir. Tem essa mania de, sempre que eu tento me manter brava, me abraçar pelas costas e beijar meu pescoço. Morder-me. Tem essa mania de, sempre que eu sinto com vontade de gritar com você, abrir um sorriso infeliz que me desarma completamente.

Como se já não bastasse, você também sabe exatamente todas as coisas que eu gosto – e que me irritam. Você sabe exatamente como me agradar. Sabe quando, o que e como falar ou quando ficar em silêncio. Sabe o que fazer e quando fazer. Você sabe o quanto eu odeio o seu abraço e me puxa para você o tempo inteiro. Passa horas comigo nos seus braços, porque sabe que eu não teria a menor força para querer sair dali. O que mais me surpreende nisso tudo é como você consegue ser tão insuportavelmente adorável. Amável. Admirável. Você tem esse poder esquisito sobre mim, que ninguém mais tem. Essa coisa ridícula de me dominar com um simples olhar.

Eu te amei desde o primeiro momento.


Sophia Marie Lawrey.



ps: obrigada @johnbubbles, que deu a idéia sem querer rs

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

we’ve all got choices

Escolhi – creio eu – a família onde nasci, ou pelo menos parte dela. Escolhi, mesmo que influenciada, qual seria minha primeira palavra e quando daria meus primeiros passos. Tomei várias outras decisões pequenas e sem importância no decorrer da minha infância e parte da adolescência. Escolhi meus brinquedos e brincadeiras preferidas, meus sabores, cheiros e gostos musicais preferidos. Escolhi, pequena demais para tomar consciência disso, duas melhores amigas. Escolhi meu corte de cabelo, as roupas que usaria. Escolhi outras seis pessoas que, mesmo tão longe de mim, tornaram-se outros melhores amigos. Algumas decisões mais importantes também tiveram de ser tomadas, com o passar do tempo. Escolhi entre meninos e meninas. Eu a escolhi, apesar de todos os contras que me gritaram. Escolhi meus sonhos, o que quero para a minha vida Escolhi – prometi para mim mesma, na verdade – não chorar mais pela morte do meu pai. Escolhi, ignorando várias outras coisas e novos avisos, não desistir. Escolhi acreditar em Deus e não nas pessoas ou suas religiões. Escolhi acreditar no amor e, mais uma vez, desacreditar das pessoas. Escolhi ficar e lutar. Escolhi amar e viver.


Ah, o doce gosto da liberdade. O livre arbítrio que o ser humano tanto ama e, em sua estupidez total, pouco aproveita. A chave para toda a felicidade – não o dinheiro, como boa parte dessas criaturas deprimentes acredita -, para tudo o que todos sempre sonharam. Amor, sucesso, saúde, amizade, dinheiro. Tudo dependendo das decisões. Talvez as vezes seja realmente impossível descobrir o caminho certo. Seguir o coração traria ótimas dicas, mas o mundo tem essa mania esquisita de optar pelo mais fácil ou pelo mais cômodo e depois culpar tudo e todos pela própria infelicidade. Você não é apenas o que você pensa: É também o que escolhe.


ps: bloqueio mental, eu te odeio.

ps²: voltarei a escrever UTS em breve, tá ru? rs

ps³: não é nenhuma indireta e nem estou revoltada com nada, antes que perguntem. É só uma das minhas teorias e resolvi passá-la para o papel/word rs

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Aos últimos românticos

Aos que prezam os sentimentos, que fogem de bocas desconhecidas todas as noites. Aos que apreciam a beleza, mas se vêem envolvidos pela inteligência ou uma boa conversa. Aos que se apaixonam por pessoas, por personalidades e complexidades e não por corpos sem mente. Aos que sabem admirar um olhar, um sorriso. Aos que fazem mais do que beijar: Sabem abraçar, proteger, cuidar. Aos que não fingem que se importam; que se importam de verdade. Aos que são felizes fazendo alguém feliz. Aos que ligam de madrugada só para dizer que estão com saudade, que deixam um bilhete pela manhã só para imaginar o sorriso de quem lerá ao acordar. Aos que não sabem amar – não acredito que alguém saiba – e se esforçam para aprender. Aos que amam, lutam, caem, choram e continuam lutando, amando e caindo. Aos que não desistem. Aos que conseguem sentir o peito arder em fogo e calmaria na presença de alguém, nos momentos com alguém. Aos que sabem apreciar um filme visto de mãos dadas, um nascer ou pôr do sol visto a dois, uma brincadeira boba ou um passeio de carro que se torna imensamente mais especial só pela presença de alguém. Aos que sentem em coisas pequenas a felicidade que alguns buscam eternamente. Aos que acreditam no ‘para sempre’, embora ele talvez não exista. Aos que tiveram o coração despedaçado e insistem em tentar – até conseguir – colocá-lo no lugar. Aos que não entendem esse negócio engraçado que machuca, acalenta, queima e cuida, mas não sabem desistir dele. Aos que sentem a saudade apertando o peito e as lembranças fortalecendo a vontade de ter de novo. Ao que me entendem mesmo quando não consigo explicar a paz, a calma que sinto nos braços de alguém. Aos que amam e aos que são amados.

Aos últimos românticos, toda a minha admiração e respeito.