sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Another Dream

Dia vinte e quatro de um ano qualquer. Acordo e me deparo com os flocos de neve caindo do lado de fora da janela. É véspera de natal. Sonolenta e preguiçosa, desço as escadas e encontro todos tomando café da manhã. O rapazinho, elétrico, corre para me abraçar. A menina, presa numa cadeira de bebês, bate a colher de plástico em sua mesinha e estende a mão livre em minha direção. ‘Mamãe!’, ela repete. Eu sorrio. Afago a cabeça do menino, desorganizando seus pequenos cachos escuros, dou um beijo na bochecha gigante da garotinha na cadeira e me aproximo dela para beijá-la de leve nos lábios. Tomamos café da manhã juntos e depois decidimos vestir algo mais quente: As crianças ficam parecendo pequenos presentes embrulhados em tantas roupas, o que nos fez rir por algum tempo.

Então descemos para o jardim coberto de neve e aí é apenas festa. O rapazinho corre, cai e levanta novamente. Brinca de fazer anjos no chão, joga bolas de neve contra mim e eu revido só de brincadeira. Ele está feliz. A menina, pequena demais, fica segura no meu colo – ou no seu. Sentamos-na no chão e ela fala sem parar coisas incompreensíveis – está entrando nessa fase que nos diverte – e ri ao sentir aquela coisinha branca e gelada em suas mãos. Ela está feliz. Ela me abraça pelas costas e me aconchego em seus braços, em seu colo. Fecho os olhos por um momento e sorrio. Eu estou feliz e posso jurar que ela também está.

Passamos o resto da manhã brincando pelo jardim, enchendo-nos de neve e rindo das coisas mais simples. Perto do horário do almoço, entramos e comemos alguma coisa já pronta. O rapazinho corre para passar o restante do tempo em seu novo videogame, a menininha dorme depois da manhã cansativa. Eu e você temos uma tarde de preparativos para a noite. Arrumações, inicio do jantar. Pequenos estresses dos quais não podemos fugir, discussões sem importância das quais nos esqueceremos mais tarde. Tudo isso só nos lembra o quanto nossa vida não é perfeita e o quanto, exatamente por isso, ela se torna perfeita. Não quero que faça sentido – nós nunca fizemos; e mesmo assim ainda estamos aqui.

Mais tarde, nossos amigos chegam. As crianças já estão arrumadas para a ocasião, nós (mesmo sem acreditar que demos conta de tudo) também. Nossos amigos e família chegam. Um grupo não tão grande; apenas os mais especiais e seus respectivos pares. Todos babam nos nossos pequenos e nós apenas sorrimos; orgulhosas. O jantar é longo. Cheio de conversas, risadas e lembranças dos velhos tempos. Quando eles partem, as crianças já dormiram há tempos. Levamos-nas para suas camas, damos um jeito rápido na cozinha e deixamos a louça para lavar. Não queremos pensar nisso no momento. Então, descemos os presentes que estavam escondidos no armário e colocamos em volta da árvore de natal.

Por fim, tomamos banho e então o dia finalmente está (quase) acabado. Ela deita nos meus braços, procura meu colo para descansar o rosto e ri quando, apesar do cansaço, eu a provoco. Somos apenas nós duas novamente e nada parece ser capaz de estragar os nossos momentos de intensidade e cumplicidade. Eu sei que a amo como sempre amei, talvez mais e talvez de uma maneira melhor, depois de tanto aprendermos juntas sobre toda essa coisa louca de relacionamentos e amor. Eu sei que fiz a escolha certa desde o inicio e nada poderia estar melhor.

Na manhã seguinte, somos acordadas por um rapazinho agitado. Ele carrega a garotinha até a nossa cama e ela engatinha até estar diante de nossos rostos. Tenta nos acordar com palavras incompreensíveis enquanto ele cutuca nossos braços de maneira mais ávida e repete alegre: O papai Noel deixou os presentes na árvore!

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Parece que eu já sei o que pedirei para o papai Noel neste natal.


ps: feliz natal, gente :D

4 comentários:

  1. Seu texto me trouxe boas lembranças e um de meus mais bem guardados sonhos, "perfeito" é a unica palavra q me vem agora na cabeça para descrever esse post.

    Feliz Natal!

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  2. sabe aquele negócio de "fantasma do natal futuro"?
    acho q é isso q ele reserva pra vcs, já q caminham juntas nessa direção tão linda que escolheram pra si
    (L)
    quero ser um dos convidados pra essa festa! (com meu respectivo par riariariar)

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