quarta-feira, 30 de março de 2011

Sobre Amizade #2

There’s nothing else I can do

but I love you the best that I can

Meu instinto maternal gritou. Talvez porque você tenha se tornado minha irmã caçula há muito tempo, senti uma quase necessidade de cuidar de ti o tempo inteiro. Não pude, desculpe-me por isso, mas segurei tua mão por minutos e garanti que estava ali do teu lado, lutando contigo. E mesmo quando tive que partir, continuei com os pensamentos em ti o tempo inteiro. Sabendo que você é forte, pedindo para que de alguma maneira você soubesse que não estava (e não está) sozinha. Foi estranho ver a pessoa mais agitada que já conheci presa numa cama. Foi quase torturante ver você abrindo os olhos por só alguns segundos antes de voltar a fechá-los. Eu quis te tirar de lá, quis que você acordasse e que nós acabássemos rindo daquela situação horrível, quis até poder voltar no tempo e evitar que tudo aquilo acontecesse, que você estivesse sentindo dor. Descobrir que eu não podia fazer nada dessas coisas foi ainda mais torturante.

Sempre me perguntaram e até nós mesmas já nos perguntamos como pessoas tão diferentes conseguem ser tão próximas, e a resposta na verdade é bem simples: Doze anos. Há doze anos nós éramos crianças e inocentes. E nós não nos importamos com as diferenças naquela época. E no decorrer de todos estes anos, nasceu o carinho que hoje supera qualquer (por maior que seja) diferença, qualquer perca de contato. Porque nos tornamos irmãs. Eu tenho muito orgulho da nossa amizade, porque sei que não mentimos quando dissemos que conhecemos uma à outra melhor do que ninguém. Porque em todos esses anos, brigas, inveja ou falsidade nunca fizeram parte da nossa amizade. Porque nós crescemos juntas. Todas as risadas, todas as brincadeiras, todas as idiotices. As brigas que sempre duraram apenas cinco minutos. Os conselhos, os abraços e de vez em quando as lágrimas. Nós compartilhamos as nossas conquistas, as nossas descobertas, as nossas decepções e tudo o que aconteceu conosco desde quando não tínhamos idade o suficiente para entender a palavra amizade. Não que as coisas tenham sido sempre perfeitas, é óbvio que não, mas me orgulho por terem sido sempre verdadeiras. Por você (e a Kiane) ter sido a pessoa com quem eu cresci.

As coisas provavelmente não serão fáceis pra você daqui pra frente, mas saiba que tu NUNCA vai estar sozinha. Mesmo que talvez eu logo esteja longe de ti, meus pensamentos vão continuar contigo e eu vou sempre ‘estar aqui’ pra ti. Sei que você é forte e que vai superar isso. Como teu pai me disse: “Ela é minha filha, é forte e vai superar isso. Se não fosse tão guerreira, não teria resistido no primeiro momento”. E eu concordo com ele. Tu não está sozinha Day, e vai passar por tudo isso e daqui muito tempo nós estaremos rindo de tudo. Sei que sim.

A idéia de te perder pra sempre me fez perceber que por mais que você seja a pessoa mais diferente de mim e a que mais me irritou a vida inteira, também é uma das pessoas mais importantes da minha vida e que mais me marcaram. Mesmo que as nossas vidas sigam caminhos diferentes, eu não quero (e não vou) te perder. Tu sempre vai ser inesquecível em mim.


ps: Foi escrito dessa maneira porque eu SEI que ela vai se recuperar e ler isso :)

sexta-feira, 18 de março de 2011

O Amor e o Oxigênio.

Tenho visto com certa freqüência dezenas de pseudo-cults que parecem achar bonito desacreditar do amor. Ridicularizá-lo. Desmerecê-lo como se isso resultasse numa espécie distorcida de superioridade solitária. Parte deste grupo não passa de adolescentes de quinze anos que tentam se mostrar auto-suficientes. Tão auto-suficientes que correm para o abraço da mamãe quando o namoro de dois meses termina. Este mesmo grupo também costuma fumar porque é bonito, parece reflexivo. Também bebem a torto e a direito porque parece inspirador. Colocam imagens de filmes e livros antigos e clássicos nas redes sociais, uma foto em preto-e-branco na imagem do perfil. Fingem que escrevem sobre suas vidas miseráveis e utilizam frases solitárias de autores consagrados para expressar todo o seu clichê. Não sorriem, não são felizes, gostam de fingir sofrimento. Isso, é claro, apenas no papel. Grande parte deste grupo gosta de usar uma frase que, como qualquer outra coisa que cai na boca do povo e da moda, começou a se tornar banal e repetitiva:

O amor é essencial?

Pois o oxigênio é ainda mais importante!

Aí de mim duvidar da importância do oxigênio! Minhas aulas de biologia durante o ensino médio serviram para mais do que trocar bilhetinhos, dormir ou conversar sobre aquele gatinho com quem me encontrei no final de semana, então eu sei bem a importância do oxigênio. Sobre a não-importância do amor, eu tenho uma simples pergunta: Do que vale uma vida saudável, repleta de OXIGÊNIO, sem o amor? Do que vale viver até os noventa anos, saudável, tornando-se uma pessoa mesquinha, fechada, infeliz e miserável?

Mas não se enganem. Não falo de amor que vocês sentem pelo garoto que conheceram na balada, que as fez sofrer e vocês conseguiram (depois de muito esforço!) esquecer. Uau, parabéns, vocês são muito fortes e auto-suficientes! Mas não é deste ridículo que vocês dizem amor de que falo. Falo do amor incondicional dos pais para com os filhos. Falo do amor que amigos VERDADEIROS sentem uns pelos outros. Falo do amor daqueles velhinhos casados há cinqüenta anos que ainda são felizes. E sim, falo também do amor romântico. Daquele que traz afeto, cuidado e desejo. Daquele que consegue resistir distâncias, barreiras e que consegue resistir ao tempo. Falo de qualquer tipo de amor, e não a paixãozinha de duas semanas que vocês julgam sentir. Falo de qualquer tipo de amor porque o ser humano precisa se conectar com alguém, precisa dividir suas dores e alegrias. É parte de nós. É por isso que vivemos em sociedade. É por isso que temos amigos, que nos sentimos confortáveis perto da família. É por isso que namoramos e casamos.

Eu desafio qualquer pseudo-cult que possa vir a ler este texto a tentar viver solitário, sem nenhum tipo de conexão com outros seres humanos. Apenas com o tão importante oxigênio. E eu desafio qualquer um destes pseudo-cults a, depois disso, dizer-me que podem viver bem e feliz apenas com aquilo que mantém seus corações batendo fisicamente.


Ps: Se você for um pscicopata, sociopata ou qualquer coisa do tipo, desconsidere esta postagem.

terça-feira, 15 de março de 2011

Agridoce.

(...) Tinha medo também do que aquilo significaria para si mesma. Não que não gostasse o suficiente da menina de cabelo colorido, gostava demais. Ela não seria – e já não era – apenas mais uma qualquer, o que tornava tudo diferente de uma maneira gigantesca. Assustadora, mas boa. Agridoce.

Under The Stars, chapter 18.

quarta-feira, 2 de março de 2011

A maravilha do livre arbítrio

Primeiro a vodka. Ou a tequila, quando o dinheiro permite. Não se importa com o rótulo, nem com a cor, nem com o cheiro, nem com o gosto. Apenas com a ardência no peito e depois a sensação. Uma, duas, três... A conta nunca passa da quinta dose, o consumo varia dependendo da noite. Sempre mais do que meia garrafa. Depois do álcool, os beijos. As mãos, os abraços, a pele. O calor, tanto calor, tanto desejo. Tanto vazio. Em seguida, o quarto mais próximo. Ou uma cozinha, uma sala, um banheiro, um hall, um estacionamento, um carro, um canto na balada. Não se importa com o lugar, nem com o nome, nem com o rosto. Apenas com a luxuria, o sangue correndo depressa, o coração batendo como louco, a respiração descontrolada, os gemidos. Por fim, o êxtase. E então as memórias somem por completo.

Acorda sem fazer noção de tempo ou espaço. Sente alivio ao reconhecer a própria cama, mas não sabe como chegou lá. O relógio marca três horas da tarde e demora três segundos para se lembrar de que é domingo. E, exceto por uma presença solitária, a cama está vazia. Flashes da noite anterior retornam e a ressaca moral atinge o estômago com socos que fazem o álcool voltar aos lábios, amargo. Corre para o banheiro e, colocando para fora toda a bebida, também coloca as lágrimas. Porque a cama está vazia. Porque o corpo desconhecido e sem nome não tinha os lábios tão gentis, nem a pele tão macia, nem o toque tão certo, nem o beijo tão doce. O vazio disfarçado na noite anterior grita pela manhã. Volta até a cozinha e engole comprimidos para a dor de cabeça enquanto prepara um café forte. Sem açúcar.

O domingo é passado em frente à televisão. A segunda-feira lembra que há um trabalho para freqüentar. A terça-feira traz uma dor de cabeça insuportável. A quarta-feira aparece com insônia e nem abraçar os travesseiros imaginando aquele perfume doce ajuda. A quinta-feira vem para sair com os colegas após o trabalho, beber num bar qualquer e terminar no apartamento solitário. Enfim, a sexta-feira! Em visita ao terapeuta, faz a mesma pergunta de sempre: Por que?

(Por que fui trair àquela pessoa a quem amava? Por que não dei valor àquela pessoa que me amava; e a quem eu amava? Por que desisti? Por que parei de tentar? Por que nem tentei? Por que não tenho uma chance no amor? Por que não tenho uma chance profissionalmente? Por que as pessoas me fazem sofrer? Por que nada pode dar certo para mim? Por que minha vida é tão miserável? Por que não sou feliz?)

E apenas uma resposta me passa pela cabeça: Porque você quer, meu amor.

ps; Aprendi fazendo uma interpretação sobre um livro uma coisa que sempre quis usar: Sem nome (e no caso também sem sexo), qualquer pessoa pode ser ou se identificar com o personagem. Logo, não me culpem caso isso aconteça, fiz pensando em ninguém.

ps²: faz tempo que eu não apareço aqui, né? um beijo no coração (q) de quem comentar rrumar