domingo, 24 de abril de 2011

December Days

(...) A neve ainda caía lá fora e embora o aquecedor do quarto estivesse desligado, nenhum lugar do mundo poderia parecer mais quente ou aconchegante do que aquele cômodo. Mesmo quando aqueles incontáveis segundos terminaram, os músculos de Sophia relaxaram e a baixinha repousou as mãos sobre o pescoço da morena; os olhares continuaram perdidos um no outro da maneira mais intensa que já tinha acontecido desde o primeiro encontro. Talvez tenham permanecido daquela maneira por apenas um instante estendido por uma eternidade silenciosa e cúmplice, talvez o tempo realmente tenha se arrastado enquanto estiveram perdidas numa realidade paralela, mas nenhuma das duas nunca saberia explicar aquele momento. Nichole usou um dos cotovelos para se apoiar na cama e voltou a deitar completamente sobre a francesa, sentindo-a estremecer e se sentindo arrepiar com o contato quente entre as peles nuas. Deixou seus lábios roçarem aos dela, sentiu os dedos da menor deslizarem pela curva de seu queixo e o contato se tornar um beijo de verdade; calmo, longo e infinitamente carinhoso.

rascunho de algum capitulo de Under The Stars


ps: por algum motivo, essa cena me lembrou Innocence inteira. Os que conhecem a história entenderão rs
ps2: como é lawrich, é provavel que eu apague em três, dois...

sábado, 9 de abril de 2011

A menina e a flor

O céu amanheceu cinza hoje. O centro da cidade parece um lugar fantasma, ninguém caminha pelas ruas irregulares de paralelepípedo e as fachadas dos casarões antigos transformados em vendas e bares estão fechadas. Há uma sensação de solidão pairando no ar. Sento-me num banquinho de madeira na praça principal, instalado sob um carvalho gigante cujas raízes racham parte das calçadas. Seus galhos se contorcem em dezenas de direções sobre a minha cabeça enquanto as folhas produzem um farfalhar continuo ao serem castigadas pelo vento. Cruzo as pernas. Puxo a jaqueta para mais perto do corpo para me proteger do frio e olho para a construção que se ergue à minha frente: Não é imponente ou poderosa como os prédios atuais feitos com milhares de janelas de vidro, mas tem uma beleza singular. As paredes são simétricas, as portas gigantes de madeira possuem detalhes entalhados à mão e a pintura está um pouco gasta. Por dentro, a igreja matriz da cidade é ainda mais bonita e cheia de detalhes. Suspiro. Há uma sensação de nostalgia pairando no ar. Não sei se gosto ou não de toda esta sensação, todos estes pensamentos. Há certa paz e certa inquietude crescendo em mim ao mesmo tempo.

Do outro lado da praça, vejo uma garotinha caminhando. O cabelo castanho e liso está solto, há apenas um arco mantendo sua franja longe do rosto. Ela usa apenas um vestidinho azul bebê e uma rasteirinha branca, mas não parece sentir frio. Não deve ter mais de cinco anos, será que está perdida? Ergo as sobrancelhas ao vê-la se aproximando de mim. Há algo de familiar em seus traços, como se eu já a conhecesse, mas não consigo me lembrar de onde. Ou de quando. Quando ela chega perto o suficiente, percebo que carrega algo numa das mãos. Uma pequena flor.

– Oi? – Hesito ao perguntar.

– Oi. – Ela sorri de maneira doce. – Trouxe para você.

– Hm... Obrigada.

– É para que você não esqueça que nunca está sozinha.

Minha surpresa faz seu sorriso aumentar. Abaixo o olhar para examinar a flor que agora está em minhas mãos por apenas alguns segundos e, ao reerguê-lo, não a encontro mais em lugar nenhum que meus olhos possam alcançar.