sábado, 11 de dezembro de 2010

lights: on. fear: off #theend

– Abra os olhos.

Não fazia sentido. Aquela voz – sua voz – não deveria estar ali. Eu me recusei a abrir os olhos, tive medo que fosse apenas um sonho. Uma alucinação. Talvez eu estivesse bêbada demais. Minha mente leve e a garrafa de vodka vazia no chão me diziam algo sobre isso. Deixei que seu tom de voz suave, embora autoritário, envolvesse-me como sempre. E sorri.

– Abra os olhos. – Você repetiu. – Não queria lutar contra os seus medos?

– Não este. – Murmurei.

– Tudo bem então, mantenha-os fechados.

Senti sua mão envolver a minha com um arrepio agradável que percorreu todo o meu corpo. Só podia ser você. Real. Somente você poderia adivinhar os meus medos, aquele meu simples medo de abrir os olhos e você não estar ali. Mas como? Não fazia sentido. Você deveria estar morta. Deixei-me ser puxada, meus pés descalços tropeçando no nada vez ou outra. Eu não me importei. Sempre confiei você. Quando chegamos em outro cômodo, senti o piso gelado e imaginei estarmos no banheiro.

Meu coração estava batendo forte, rápido. Quando fora a última vez que eu o havia sentido realmente, sem precisar do medo ou da dor das pessoas que eu mais amei? Eu mal podia me lembrar. Mal podia lembrar da sensação de realmente estar viva, de realmente sentir algo. Talvez eu simplesmente seja um erro – e você a minha ligação com o mundo real. Senti a parede em minhas costas e seu corpo em minha frente. Prendi a respiração. Eu podia imaginar você sorrindo. Sua respiração em meu pescoço me arrepiou por completo, senti suas mãos apertarem de leve minha cintura e subirem pela barriga. Mordi o lábio. Suas mãos levaram consigo a minha blusa, até tirá-la por completo. O que diabos você estava fazendo?

Não tive coragem de perguntar. Joguei a cabeça para trás e me permitir suspirar, sentindo seus lábios descendo do pescoço para o colo. Você sempre teve o dom de me enlouquecer. Suas mãos desabotoaram minha calça sem dificuldade, puxando-a para baixo até tirá-la por completo. As pontas dos seus dedos roçando minhas coxas me fizeram perder a sanidade que eu não sabia se tinha. Seu nariz roçou no meu quando você se reergueu, nossas respirações se envolvendo devagar. Sem permitir que eu a beijasse, sua mão buscou a minha e me entregou um objeto gelado. Meu punhal.

– Você sabe o que fazer.

– Eu não...

Por favor, amor.

Estremeci. Por que eu não conseguia resistir a você? Enquanto os dedos de sua mão livre voltavam a acariciar minha cintura com carinho, levei o punhal até minha própria coxa para o que seria o último dos meus cortes. A ardência me fez gemer baixo e largar o objeto no chão, sentindo o sangue escorrer. Seus dentes apertaram meu colo; mordendo-me. Eu estremeci outra vez.

– Abra os olhos. – Murmurou, afastando-se de mim. – Abra.

Eu obedeci e meu coração bateu forte. O horror impediu que o grito escapasse de minha garganta, retraí o corpo contra a parede quase sem consciência. Estava escuro, mas não completamente. A luz vermelha escura iluminava parcialmente as máscaras e rostos de cera deformados presos às paredes, assim como as incontáveis máscaras de palhaços. Todos eles me encaravam, agourentos. Provocantes. Mórbidos. E de repente eu estava tremendo, assustada. Aquele era o gosto do medo, desta vez o meu próprio.

– Lute contra seus medos. – Você murmurou. – Não era este o objetivo?

É claro que você sabia. Conhecendo-me melhor do que ninguém, talvez até mesmo melhor do que eu mesma. Depois de ter lhe perdido pela primeira vez, eu percebi que não podia passar por aquilo novamente. O maior dos meus medos: Perder as pessoas a quem amo. Eu percebi que precisava lutar contra isso. Foi por isso que matei você e todos eles.

– O que eu devo fazer? – Perguntei, incerta.

– Entre na banheira.

– Você vai ficar comigo?

– Sempre.

Tentei não olhar para as paredes. Tentei ignorar a sensação de que havia algo me observando do escuro – algo além daquelas expressões contorcidas saídas dos meus pesadelos. Percebi, mas não prestei realmente atenção em alguns aparelhos sobre a pia, e entrei devagar na água. Estava gelada e senti algo gelado e pegajoso grudar em minha perna.

– O QUE DIABOS...

– Continue...

Sapos? Engoli o nojo que me dominou, sentindo o pequeno animalzinho se mover devagar em minha pele, mas minhas pernas haviam travado. Eu não podia continuar. Eu não conseguiria fazer aquilo. Então senti suas mãos em meus ombros nus, empurrando gentilmente naquela direção e simplesmente obedeci. Outra vez. Deitei-me completamente, a cabeça apoiada para o lado de fora e a água gelada me encobrindo até o pescoço. Minha expressão era de nojo, eu sabia disso. Ainda podia sentir as patas geladas e escorregadias se movendo pela minha pele. Sentando-se na beirada de mármore da banheira, você se abaixou em minha direção. Seus lábios tocaram os meus demoradamente e, por um instante, eu esqueci de todo o resto do mundo.

– Foi você quem escolheu.

Murmurou com os lábios ainda próximos dos meus e, ao se afastar, apertou um dos botões do aparelho sobre a pia. A corrente elétrica fez meu corpo contrair num espasmo violento e eu gritei. Quando a sensação passou, meu corpo ainda formigava. Meus olhos lacrimejavam. Eu quis levantar, mas não sentia força alguma. Busquei seus olhos e você sorria. Parecida demais comigo.

– Você acha que valeu a pena? – Perguntou. Havia raiva em sua voz. – De verdade?

– Eu precisava. – Murmurei.

– Precisava me matar? Matar seus amigos? Todas as pessoas que te amavam?

– Que eu amava.

– Faz parecer ainda pior.

Você apertou o botão novamente e eu gritei outra vez. Demorou mais. Talvez uma eternidade em alguns segundos. Meu coração poderia parar a qualquer momento. Minha respiração. Minha vida. Eu não soube por quanto tempo gritei. Não soube se minha voz continuou saindo ou se perdeu em algum lugar. Eu não podia ver, sentir ou ouvir nada além da dor. Quando acabou, eu tinha apenas metade de minha consciência. Vi seu rosto fora de foco diante de meus olhos – o rosto que eu tinha amado, se eu pudesse ser capaz disso. Eu tinha minhas dúvidas. Seus lábios tocaram minha testa uma última vez e suas mãos apertaram meus ombros, empurrando-me para baixo devagar.

– Por que você está fazendo isso? – Perguntei.

– Você sabe que eu não estou fazendo nada. – Você respondeu, fazendo-me mergulhar completamente na água. – Foi você quem escolheu. É você quem está fazendo isso. Você sabe que eu não estou aqui, amor. Você me matou.

Eu ia morrer. Não me importei com isso. Apenas fechei os olhos, sentindo meu pulmão arder em busca de ar enquanto suas mãos me prendiam firmemente no fundo da banheira. Eu sabia que você não estava ali. Você era apenas minha imaginação. Minha.

Mas não se deixe enganar. Esta não foi uma história sobre amor – foi uma história sobre medos.

Os seus e os meus medos.


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ps: caso alguém não tenha reparado, inverti o tiulo. Lights on porque não estava tudo escuro, Fear off porque ela morreu rs

ps¹: caso alguém não tenha entendido, a menina no texto não existe, está morta. Foi uma das vitimas anteriores... A assassina se matou, mas imaginou que a menine que ela amava é quem estava fazendo tudo aquilo.

ps²: acabou tudo :/ desculpem por não ter matado alguns de vocês, mas eu tinha que aproveitar a inspiração pra fazer o final... Espero que tenham gostado :P

7 comentários:

  1. HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ADOREI ADOREI ADOREI DIIIIIIIIIIIIGNO SE FODEEEEEEEEEEEEEEEU BEM FEEEEEEEEEEITO PALHAÇOS SAPOS CHOQUES SOU FODAAAAAAAAAAA QUER DIZER ELA É FODAAAAAAAAAAAA MORREEEEEEEEEEEEU KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK


    /surto
    adorei :B

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  2. AH NAO EU ODIAVA ELA MAS QUERIA MAIS MORTES

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  3. AI QUE DELISIA VER VOSE MORRER DEPOIS DE NOS MATAR n Léo, você precisa fazer tudo de novo.

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  4. Léo, você precisa fazer tudo de novo. +1

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  5. se vc não tivesse comentado q aquele não era bem eu, eu teria ficado mais de boa e FODA-SE EU ESSE FINAL FICOU FODA DIMAIS *-*

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  6. Pra dizer a vdd eu nem gostaria q essa "serie" tivesse um final, mas como tudo tem q ter...

    CARALHO MAN... NAO TEM COMO EXISTIR FINAL MAIS FODA DO Q ESSE *---------------------------*

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