domingo, 24 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #4

Seus olhos se abriram para o nada. A escuridão total o preencheu com um vazio de desespero que gritou dentro de você. A primeira coisa da qual teve consciência foram as pequenas pata deslizando pela sua pele nua. As antenas de centenas daqueles pequenos animais marrons escuros roçavam seu corpo, causando uma sensação de cócegas e nojo. Alguns deles tentavam abrir as asas para voar, mas – no escuro – acabavam tombando contra o vidro que envolvia você deixando apenas a cabeça de fora e caíam novamente sobre sua pele. Foi com certo desespero que você notou que um dos insetos – o que estava parado sobre sua coxa esquerda, beliscando sua pele junto com o algo que ele comia – era grande demais. As patas grudaram em sua pele enquanto ele se arrastava lentamente como uma barata de doze centímetros andando sobre seu corpo. O nojo o fez se debater com violência.

– Acalme-se. – Eu murmurei ao lado de seu ouvido. – Eles não são venenosos.

– QUEM É VOCÊ? – Você gritou? – ONDE EU ESTOU? TIRE ESSAS COISAS DE MIM!

– Ora, mas me apetece deixar essas coisas sobre você.

Seu corpo enrijeceu ao reconhecer o modo característico de falar que você havia dado ao seu personagem. Eu sorri sozinha, levei o copo de suco aos lábios enquanto afundava a lâmina pela quarta vez em minha pele. A dor, o sangue e o morango – uma combinação doce e cítrica. Minha última morte tinha me deixado satisfeita – o único problema era que eu não poderia repeti-la várias e várias vezes – por um tempo, mas eu precisava continuar. Por que eu o escolhi para ser o próximo? Não sei. Talvez porque você estivesse quase me implorando para ser morto. E eu, meu querido, costumo ser generosa. Ou quase.

– VOCÊ ESTÁ LOUCA? – Uma pergunta interessante, finalmente. – TIRE-ME DAQUI!

– Loucura é algo relativo. – Respondi com tranqüilidade. – Não acha?

O click veio seguido pelo feixe de luz lançado para o teto. Direcionei a lanterna para você e sorri com a minha pequena obra de arte: Os besouros – animais inofensivos e não venenosos, infelizmente – enchiam o cubo de vidro onde você se encontrava preso. Eu sabia que a sensação de asco crescia enquanto você os sentia caminhar tranqüilamente por sua pele, seu desespero crescente causando minha satisfação crescente. Você só conseguiu enxergar com um olho. Não sentia o outro – sem visão, sem leitura. Não que você fosse sair dali vivo.

– O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU OLHO, SUA LOUCA?

– Ah, – Ergui as sobrancelhas, distraída enquanto bebia mais um gole de suco. – Desculpe-me a falta de gentileza, irei lhe mostrar.

Retirei do bolso o pequeno espelho e direcionei a luz de maneira como você pudesse ver seu próprio reflexo. O rosto imóvel por uma estrutura estranha de ferro que se erguia até seu cabelo, prendendo-o a algo que você não pôde enxergar. Mas o que o fez grunhir em desespero – quase a ponto de esquecer os insetos caminhando sobre você – foi seu olho cego. Dez agulhas o espetavam. Você não o sentia por conta da anestesia. Eu sorri débil e balancei o vidro com mais algumas agulhas diante de seu rosto. Ainda restava um dos olhos, meu querido.

– O QUE? N-ÃO! – Você gemeu. – Por favor.

Eu gosto quando vocês começam a implorar. É divertido. Deixei o pote de lado e retirei do bolso um pequeno isqueiro, mantendo-o aceso. O calor sobre sua bochecha cresceu lentamente, até começar a se tornar incomodo. Ergui a chama por todo o seu rosto, fazendo algumas gotas de suor escorrer por sua nuca, aproximando o fogo o suficiente e pelo tempo bastante para que pequenas feridas começassem a se formar. Você urrou, incapaz de falar enquanto eu destruía mais algo seu: O narcisismo. O copo de suco estava pela metade quando comecei a me entediar.

– Okay. – Exclamei, espreguiçando-me. – Vamos conversar!

Seu silêncio me fez suspirar. Tudo bem, você pediu. Ergui a mão para a válvula ao lado do equipamento instalado sobre sua cabeça, girando-a uma vez para trás. Seu cabelo esticou, preso ao equipamento. Não o suficiente para machucar, mas para lhe fazer perceber o que aconteceria caso eu girasse mais uma vez. E mais uma, e mais uma, e mais uma... Até seu cabelo ser totalmente arrancado de sua cabeça. Com sangue, medo e dor.

– Parece que você finalmente acabará a sete palmos da terra, hm? – Sorri, imitando com uma perfeição tranqüila e calmo o modo de falar do seu personagem. – Eu sei que me perguntará: Por quê? Ora, dou-lhe a resposta: Porque eu quero!

Mais uma volta. A dor começou a incomodá-lo quase mais do que os besouros andando sobre sua pele. Bebi mais um gole de suco e me coloquei próxima de seu rosto enquanto pegava uma agulha e sorria. Eu tinha bastante tempo para aquilo: Uma agulha e uma volta. Uma agulha e uma volta. Uma agulha e uma volta. E se em algum momento se perguntou se eu me satisfazia com a sua dor, a resposta é negativa. Não. Eu me satisfazia com o seu medo. O de ficar cego, o de perder o cabelo, o de insetos, o de morrer. E principalmente o medo que você sentia de mim.

– Você pode me pedir para parar quando quiser, certo? Eu não sou assim tão má. Posso te matar logo, se assim desejar. – Eu comentei casualmente. – Agora, fale-me sobre seus medos...

ps: oi, alter ego x3 não gostei muito desse, maaaaaaaaaaaaas vai saber né. nunca gosto muito mesmo rs

ps²: O besouro gigante

ps³: Obrigada @marylazarini por ajudar com algumas idéias hihi

5 comentários:

  1. Isso me lembra aquele filósofo chinês, o Takeo Paryl.

    Carilho, Léo o_o Só de imaginar aqui correu um gelo na espinha. Não faça mais isso, por favor.


    p.s: Brinks, faça MAIS.

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  2. AI QUE FODA AMEI CARALIO QUE MEDO OLHA O LAURIEN OLHA EU OLHA TODO MUNDO D: DEMINIACA D: KKKKKKKKKKKKKK

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  3. IHSDOIHAEIOHDIAHS adorei a Gumz encarnando o Laurien pra tocar o terror no Ru IHADOIHSDIHSD

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  4. HADSOIHIODASHHDASHIOHDASHIADSHOIADSI aloooooooooook, como você teve essas idéias? brilhante! :D

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  5. hueashuahseuahsuau Achei mto criativo a maneira de destruir o narcisismo ehsuhheaushueashusa mto foda *-*

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