quinta-feira, 16 de setembro de 2010

lights: off. fear: on

Fechou os olhos, a lâmina gelada pressionada contra a coxa com uma leveza contraditória. A ardência seguiu uma linha fina por sua pele e em seguida veio o sangue. E a dor. Jogou a cabeça para trás e sorriu. O coração batia em seu peito, mas estava realmente viva? Tudo o que podia sentir no momento era o desejo. O desejo dele. O veneno pulsava em sua veia, espalhando-se por seu corpo numa velocidade inacreditável.

– O que diabos você está fazendo?

A voz rouca e assustada a despertou dos pensamentos. A faca descansou sobre a coxa que ainda sangrava, manchando a pele pálida de vermelho. Reabriu os olhos, ainda sorrindo. Sempre sorrindo. Homem branco. Entre trinta e trinta e cinco anos de idade. Amarrado numa cadeira. Sangue escorrendo de sua sobrancelha e de algum ponto em seu ombro. Sujo. Totalmente nu. Os olhos castanhos sempre frios, sempre arrogantes, sempre machistas, fitaram os dela.

– Diga-me, você lembra o que te faz sentir medo?

Sua voz soou calma, divertida. Ele estremeceu. Brincou com o objeto afiado entre os dedos, girando-o. Torturando-o sem nem se mover. A demora a instigava. Era como sexo – talvez até melhor. Como quando se chega quase ao ponto máximo de prazer e para. E espera. E provoca. E brinca. A insanidade brilhava em seus olhos claros. O desejo pulsava mais e mais forte. E ao contrário do que o que haviam imaginado, ao contrário do que sempre demonstrara, nunca fora boa em se controlar. Ao menos não naquilo.

– Sabe àqueles medos de infância? – Comentou casualmente. – Aranhas? Escuro? Será que você realmente os superou?

Um click e as luzes se apagaram. Tudo escuro. Por um, dois, três segundos... E um feixe de luz surgiu da lanterna dela. Levantou-se. Os passos ecoaram pelo salão vazio, exceto pelos dois. Aproximou-se. A luz muito forte direto nos olhos dele o fez virar o rosto e apertar os olhos. E então seu corpo enrijeceu ainda mais. Palavras desconexas voaram de seus lábios e forçou os braços e as pernas contra as cordas para tentar se soltar. Sabia que não conseguiria. Os olhos arregalados se prenderam na mão livre nela: Um pote transparente cheio de aranhas.

– NÃO! NÃO FAÇA ISSO! POR FAVOR!

– Oras, vamos lá. – Ela riu, divertida. – Só um pouco de animação aqui, estou começando a ficar entediada. Escute-me: Elas não vão te atacar se você não se mover. Simples, não é?

Outro click. O escuro total preencheu o galpão, o ar, os pulmões. Demorou alguns barulhos estranhos e um minuto, e então ele sentiu. As patas do primeiro animal tocaram sua pele nua, correndo curiosamente pela parte interna de sua coxa. A segunda aranha correu barriga acima. A terceira foi depositada cuidadosamente em seu ombro e a quarta no alto de sua cabeça, escorregando por seu rosto. Gemeu sem mover os lábios, o corpo inteiro rígido, cheio de nojo e repulsa, estremecendo sob o contato daqueles pequenos animais mortais.

– Quando você se acostumar com elas. – Disse, piscando a lanterna algumas vezes. – Começará a notar no escuro. Mas não se preocupe, não há nada nele para temer. Além das aranhas... E à mim, talvez.

Outra risada. Belo senso de humor. Voltou para sua própria cadeira. Pernas cruzadas, a lâmina afiada contra a pele mais uma vez. A dor novamente – e o impulso. Luzes apagadas. Olhos fechados. Bebeu um gole do suco de morango deixado na mesinha ao lado, a mistura entre o azedo e o doce a relaxou. A divertiu.

– Você só precisa me pedir para acabar logo com isso. Mas não tenha pressa, eu tenho a noite toda. Quanto mais você demorar, maior será a minha diversão. Sério.

Inspirou profundamente. O cheiro a invadiu, fazendo o sorriso retornar. Era o cheiro do medo. O sentimento mais apreciado por ela. O medo dos homens era, em particular, seu preferido. Era doce e atraente. Melhor do que sexo. Melhor do que matar. Vida em seu estado mais primitivo: O medo.

ps: dexter demais causa... isso.

4 comentários:

  1. Vou me lembrar de nunca mais dormir no mesmo quarto que você. Ou, quem sabe, de não mais dividir uma cama com você.

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  2. E quando eu digo que você vicia DEMAIS nas cosias, ninguém me ouve Oo

    ALOK!

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  3. Se por acaso um dia esbarrar em vc pela rua, vou rezar para q esteja de bom humor hahahaha

    obs: vc ja deve saber, mas esse tipo de texto me fascina hehe

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  4. VC É MÁ!
    ME TORTUROU A DISTANCIA
    Dx
    PALMAS PRA VC LEONARDA, VC É MUITO MELHOR (PIOR?) Q QUALQUER HANNIBAL POR AÍ!!!1!ONZE!
    T-T

    sério, paralizei na cadeira enquanto lia
    T-T

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