Suspenses policiais. Psiquiatria. Contos nos jornais. Uma criança. Vista para o oceano. Tempestades inspiradoras. Gatos. Amigos. Lembranças. Música. Livros, muitos livros. Filmes. Garrafas de tequila. Morango. Sophia. Notebook. Escritório. Três livros nunca publicados. Família. Chá quente. Silêncio. P-a-z.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Simples e descomplicado
01:14 am;
Simples e descomplicado. Fácil. Certo. Foi como soou naquele instante. Tão certo quanto o coração batendo rápido e descompassado. Ela beijou minha bochecha e eu sorri, achando graça. Inocente. Ou não. Eu a olhei e, antes que pudesse pensar em qualquer coisa, os lábios tocaram o canto dos meus. Rápido. Demais. Eu não soube mais se meu coração havia parado ou acelerado. Eu não soube mais o porquê de não conseguir tirar os olhos dos dela; como se estivesse presa lá. Eu nem sequer queria tirar os olhos dela. Era estranho. Louco. Insano. Eu nunca saberia dizer se foi o arrepio agradável – o primeiro de todos – ou o nervosismo que me impediu de me mover. Eu só consegui sorrir bobamente, sentindo a respiração dela me envolver. Sentindo os lábios dela quase roçarem nos meus. Como se eu tivesse esperado minha vida inteira por aquilo.
– Posso? – Ela murmurou.
Sorri. Talvez eu realmente tivesse esperado por aquilo a vida inteira.
– Uhum...
Naquele instante, com um simples – tremula e nervosa – palavra, eu não poderia adivinhar o que aconteceria depois. Depois daquele beijo, o primeiro de vários. Depois de tudo. Naquele momento, tudo soou simplesmente simples e descomplicado. Fácil. Certo.
Dois anos depois, a minha resposta seria exatamente a mesma.
Simples e descomplicada.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
lights: off. fear: on
Fechou os olhos, a lâmina gelada pressionada contra a coxa com uma leveza contraditória. A ardência seguiu uma linha fina por sua pele e em seguida veio o sangue. E a dor. Jogou a cabeça para trás e sorriu. O coração batia em seu peito, mas estava realmente viva? Tudo o que podia sentir no momento era o desejo. O desejo dele. O veneno pulsava em sua veia, espalhando-se por seu corpo numa velocidade inacreditável.
– O que diabos você está fazendo?
A voz rouca e assustada a despertou dos pensamentos. A faca descansou sobre a coxa que ainda sangrava, manchando a pele pálida de vermelho. Reabriu os olhos, ainda sorrindo. Sempre sorrindo. Homem branco. Entre trinta e trinta e cinco anos de idade. Amarrado numa cadeira. Sangue escorrendo de sua sobrancelha e de algum ponto em seu ombro. Sujo. Totalmente nu. Os olhos castanhos sempre frios, sempre arrogantes, sempre machistas, fitaram os dela.
– Diga-me, você lembra o que te faz sentir medo?
Sua voz soou calma, divertida. Ele estremeceu. Brincou com o objeto afiado entre os dedos, girando-o. Torturando-o sem nem se mover. A demora a instigava. Era como sexo – talvez até melhor. Como quando se chega quase ao ponto máximo de prazer e para. E espera. E provoca. E brinca. A insanidade brilhava em seus olhos claros. O desejo pulsava mais e mais forte. E ao contrário do que o que haviam imaginado, ao contrário do que sempre demonstrara, nunca fora boa em se controlar. Ao menos não naquilo.
– Sabe àqueles medos de infância? – Comentou casualmente. – Aranhas? Escuro? Será que você realmente os superou?
Um click e as luzes se apagaram. Tudo escuro. Por um, dois, três segundos... E um feixe de luz surgiu da lanterna dela. Levantou-se. Os passos ecoaram pelo salão vazio, exceto pelos dois. Aproximou-se. A luz muito forte direto nos olhos dele o fez virar o rosto e apertar os olhos. E então seu corpo enrijeceu ainda mais. Palavras desconexas voaram de seus lábios e forçou os braços e as pernas contra as cordas para tentar se soltar. Sabia que não conseguiria. Os olhos arregalados se prenderam na mão livre nela: Um pote transparente cheio de aranhas.
– NÃO! NÃO FAÇA ISSO! POR FAVOR!
– Oras, vamos lá. – Ela riu, divertida. – Só um pouco de animação aqui, estou começando a ficar entediada. Escute-me: Elas não vão te atacar se você não se mover. Simples, não é?
Outro click. O escuro total preencheu o galpão, o ar, os pulmões. Demorou alguns barulhos estranhos e um minuto, e então ele sentiu. As patas do primeiro animal tocaram sua pele nua, correndo curiosamente pela parte interna de sua coxa. A segunda aranha correu barriga acima. A terceira foi depositada cuidadosamente em seu ombro e a quarta no alto de sua cabeça, escorregando por seu rosto. Gemeu sem mover os lábios, o corpo inteiro rígido, cheio de nojo e repulsa, estremecendo sob o contato daqueles pequenos animais mortais.
– Quando você se acostumar com elas. – Disse, piscando a lanterna algumas vezes. – Começará a notar no escuro. Mas não se preocupe, não há nada nele para temer. Além das aranhas... E à mim, talvez.
Outra risada. Belo senso de humor. Voltou para sua própria cadeira. Pernas cruzadas, a lâmina afiada contra a pele mais uma vez. A dor novamente – e o impulso. Luzes apagadas. Olhos fechados. Bebeu um gole do suco de morango deixado na mesinha ao lado, a mistura entre o azedo e o doce a relaxou. A divertiu.
– Você só precisa me pedir para acabar logo com isso. Mas não tenha pressa, eu tenho a noite toda. Quanto mais você demorar, maior será a minha diversão. Sério.
Inspirou profundamente. O cheiro a invadiu, fazendo o sorriso retornar. Era o cheiro do medo. O sentimento mais apreciado por ela. O medo dos homens era, em particular, seu preferido. Era doce e atraente. Melhor do que sexo. Melhor do que matar. Vida em seu estado mais primitivo: O medo.
ps: dexter demais causa... isso.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
sshhh!
Silêncio. Ao meu redor, na minha mente, no meu coração. Nenhuma palavra. E acredite, eu as procurei em cada canto de mim. S i l ê n c i o! Tão ensurdecedor, tão envolvente e tão agradável. A minha p e r d i ç ã o. Eu deveria ter previsto este dia – em que n e n h u m a palavra serviria para mim. Logo para mim! Eu que as busquei para tudo; para desabafos monótonos, contos fantásticos e tentativas vãs de falar sobre o amor. Você venceu! E eu me calei.
Não por vontade própria. Vê? Ainda estou tentando, eu e o meu velho problema em desistir. Calei-me por necessidade. Por compaixão a mim mesma. Não me leve a mal, eu apenas não agüentava mais. Eu estava ficando louca com essas tentativas. Eu vi a i n s a n i d a d e de perto. E perdoe-me admitir: Eu gostei. Gostei tanto que guardei parte dela para mim. Como guardei parte tua para mim. Em mim. Não que importe agora. Voltamos ao assunto: O silêncio ao qual me rendi depois de tantas tentativas. Você as acompanhou, não é? Você as conhece! Você me conhece. Tão bem quanto eu a conheço.
Tentei pelo teu sorriso – ah, o teu sorriso! – e pelos teus olhos. Tentei pela nossa história, que não faz tanto sentido para mais ninguém além de eu e você. Tentei pelas conversas e pelos momentos barulhentos. Quase uma ofensa! Tentei pelo modo como me beija, pelo poder que teu abraço tem sobre mim. Tentei, desesperadamente, pelo que me faz sentir. Tentei tantas vezes e de tantas maneiras que consigo me perder, mesmo nesses poucos exemplos. Foi por acaso que encontrei a solução, ao menos a solução temporária. A resposta, minha menina, está no silêncio.
Sorrindo para o teu sorriso e me perdendo dos teus olhos, ele me envolveu. Nossa história deveria continuar em silêncio eterno. Intocada em nossas memórias, porque cada vez que tentamos contá-la, uma pequena às vezes insignificante parte é alterada. Nossas melhores conversas, estou certa que se lembra disto, foram ditas no colo dele, nossos melhores momentos dispensaram qualquer p a l a v r a. Ele ocultou nossos beijos secretos e, mais uma vez, dominou-me em cada uma das vezes em que estive nos teus braços.
Você faz idéia de quantas vezes isso aconteceu antes de você, meu amor?
N e n h u m a. O silêncio nunca me dominou de tal forma e eu sempre me perguntei quando seria surpreendida pela falta de palavras. Sempre me perguntei quem ganharia minha admiração e a mim inteira ao me roubá-las.
E agora eu sei que o s i l ê n c i o pode explicar tudo melhor do que eu. Se quiser, talvez você (só você) possa ouvi-lo e entendê-lo. Se tiver sorte, ele lhe permitirá sentir meu coração batendo. Quando? Eu não sei. Mas estou certa de que eu aguardarei você finalmente entenderá.
ps:ah, como eu adoro brincas com as palavras (e o silêncio!) *-*
ps: às vezes o texto pode fazer sentido para mim agora (6 da manhã, bom dia) e não faça para mais ninguém (nem pra mim depois de eu dormireacordar rs), mas... Essa é a parte legal, não é?
ps: foi um surto e eu nem sei de onde veio - do silêncio? rs - e as partes em negrito, itálico, riscadas, soletradas e afins foram só pra deixar mais bonitinho -q
ps: o titulo é inutil, mas foi... outra brincadeirinha que quase ninguém (e disso tenho certeza rs) vai entender, mas essa é outra parte legal *-*
ps: falo demais com sono oO e adoro comentários *-*
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Par (Im)Perfeito
Eu te odiei desde o primeiro momento.
Você conseguiu ser insuportável desde aquele misero segundo, olhando-me daquela maneira tão irritantemente indiferente que eu poderia ter pintado o cabelo com mais dez cores só para chamar sua atenção. Seis anos. Como nós suportamos? Acredito que deveríamos receber prêmios por ainda estarmos vivas – e juntas. É provavelmente algo mais inacreditável do que passar vinte semanas com uma música no topo e nós já fizemos isso. Várias vezes.
Ninguém no mundo poderia ser mais diferente de mim do que você. Ninguém no mundo poderia ser tão irritante quanto você. E a pior parte: Ninguém no mundo poderia me fazer tão feliz quanto você. Irônico, não é? Life is a bitch, Goodrich. É você quem diz isso. Você e esse sotaque britânico idiota. Esse sotaque sussurrado, forte e tão irresistivelmente sexy. Afinal, eu preciso concordar com você. Life is my bitch.
Eu odeio sua mania de implicar comigo o tempo inteiro. Sua mania de me contrariar o tempo inteiro. Odeio quando você vive lembrando o quanto eu sou pequena, lerda, desastrada e esquecida. Odeio quando não me deixa pintar o seu cabelo e reclama que as minhas roupas são curtas. Odeio mais ainda quando usa roupas ainda mais curtas só para me provocar. Odeio quando você me constrange e o como fica olhando fixamente para mim quando estou dormindo.
Odeio quando você esquece de dar comida para a Zoe, quando fica bêbada demais ou quando dirige rápido demais. Odeio sua responsabilidade exagerada, sua mania de fazer tudo na hora certa, sua mania de organizar as minhas coisas. Odeio quando me troca por livros, pela sua câmera ou por algum filme chato. Odeio quando você finge que não liga para mim e me ignora só para se divertir. Odeio sua arrogância, seu maldito sorriso como se fosse a pessoa mais foda e hot do mundo.
Odeio mais do que qualquer outra coisa quando nós brigamos. Quando você me faz, ou eu te faço, chorar. Odeio quando somos duas idiotas orgulhosas. Odeio a freqüência com que isso acontece. Odeio quando durmo no quarto de hospedes do seu apartamento, porque mesmo putas de mais uma com a outra, você me impede de sair. Odeio estar a meio caminho do meu apartamento e você me ligar pedindo desculpas. Odeio sempre voltar.
Eu odeio, Goodrich, cada estúpido segundo em que estivemos separadas.
Você tem essa mania idiota de me acordar todos os dias dizendo que me ama. Essa mania idiota de levar café da manhã para mim na cama e de deitar comigo o dia inteiro, sem precisar fazer nada: Apenas conversar e rir. Tem essa mania de, sempre que eu tento me manter brava, me abraçar pelas costas e beijar meu pescoço. Morder-me. Tem essa mania de, sempre que eu sinto com vontade de gritar com você, abrir um sorriso infeliz que me desarma completamente.
Como se já não bastasse, você também sabe exatamente todas as coisas que eu gosto – e que me irritam. Você sabe exatamente como me agradar. Sabe quando, o que e como falar ou quando ficar em silêncio. Sabe o que fazer e quando fazer. Você sabe o quanto eu odeio o seu abraço e me puxa para você o tempo inteiro. Passa horas comigo nos seus braços, porque sabe que eu não teria a menor força para querer sair dali.
Eu te amei desde o primeiro momento.
Sophia Marie Lawrey.
ps: obrigada @johnbubbles, que deu a idéia sem querer rs
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
we’ve all got choices
Escolhi – creio eu – a família onde nasci, ou pelo menos parte dela. Escolhi, mesmo que influenciada, qual seria minha primeira palavra e quando daria meus primeiros passos. Tomei várias outras decisões pequenas e sem importância no decorrer da minha infância e parte da adolescência. Escolhi meus brinquedos e brincadeiras preferidas, meus sabores, cheiros e gostos musicais preferidos. Escolhi, pequena demais para tomar consciência disso, duas melhores amigas. Escolhi meu corte de cabelo, as roupas que usaria. Escolhi outras seis pessoas que, mesmo tão longe de mim, tornaram-se outros melhores amigos. Algumas decisões mais importantes também tiveram de ser tomadas, com o passar do tempo. Escolhi entre meninos e meninas. Eu a escolhi, apesar de todos os contras que me gritaram. Escolhi meus sonhos, o que quero para a minha vida Escolhi – prometi para mim mesma, na verdade – não chorar mais pela morte do meu pai. Escolhi, ignorando várias outras coisas e novos avisos, não desistir. Escolhi acreditar em Deus e não nas pessoas ou suas religiões. Escolhi acreditar no amor e, mais uma vez, desacreditar das pessoas. Escolhi ficar e lutar. Escolhi amar e viver.
Ah, o doce gosto da liberdade. O livre arbítrio que o ser humano tanto ama e, em sua estupidez total, pouco aproveita. A chave para toda a felicidade – não o dinheiro, como boa parte dessas criaturas deprimentes acredita -, para tudo o que todos sempre sonharam. Amor, sucesso, saúde, amizade, dinheiro. Tudo dependendo das decisões. Talvez as vezes seja realmente impossível descobrir o caminho certo. Seguir o coração traria ótimas dicas, mas o mundo tem essa mania esquisita de optar pelo mais fácil ou pelo mais cômodo e depois culpar tudo e todos pela própria infelicidade. Você não é apenas o que você pensa: É também o que escolhe.
ps: bloqueio mental, eu te odeio.
ps²: voltarei a escrever UTS em breve, tá ru? rs
ps³: não é nenhuma indireta e nem estou revoltada com nada, antes que perguntem. É só uma das minhas teorias e resolvi passá-la para o papel/word rs
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Aos últimos românticos
Aos que prezam os sentimentos, que fogem de bocas desconhecidas todas as noites. Aos que apreciam a beleza, mas se vêem envolvidos pela inteligência ou uma boa conversa. Aos que se apaixonam por pessoas, por personalidades e complexidades e não por corpos sem mente. Aos que sabem admirar um olhar, um sorriso. Aos que fazem mais do que beijar: Sabem abraçar, proteger, cuidar. Aos que não fingem que se importam; que se importam de verdade. Aos que são felizes fazendo alguém feliz. Aos que ligam de madrugada só para dizer que estão com saudade, que deixam um bilhete pela manhã só para imaginar o sorriso de quem lerá ao acordar. Aos que não sabem amar – não acredito que alguém saiba – e se esforçam para aprender. Aos que amam, lutam, caem, choram e continuam lutando, amando e caindo. Aos que não desistem. Aos que conseguem sentir o peito arder em fogo e calmaria na presença de alguém, nos momentos com alguém. Aos que sabem apreciar um filme visto de mãos dadas, um nascer ou pôr do sol visto a dois, uma brincadeira boba ou um passeio de carro que se torna imensamente mais especial só pela presença de alguém. Aos que sentem em coisas pequenas a felicidade que alguns buscam eternamente. Aos que acreditam no ‘para sempre’, embora ele talvez não exista. Aos que tiveram o coração despedaçado e insistem em tentar – até conseguir – colocá-lo no lugar. Aos que não entendem esse negócio engraçado que machuca, acalenta, queima e cuida, mas não sabem desistir dele. Aos que sentem a saudade apertando o peito e as lembranças fortalecendo a vontade de ter de novo. Ao que me entendem mesmo quando não consigo explicar a paz, a calma que sinto nos braços de alguém. Aos que amam e aos que são amados.
Aos últimos românticos, toda a minha admiração e respeito.