sábado, 20 de março de 2010

Primeiros passos

Os olhinhos azuis esverdeados corriam da mamãe (um) para a mamãe (dois) atenta e curiosamente. As duas falavam sem prestar muita atenção nela. Carregavam coisas de um lado para o outro e às vezes davam risadas que tentava imitar. Achou que nunca conseguiria rir como as mamães, talvez elas tivessem um motivo especial para isso.

Talvez elas apenas tivessem uma à outra.

Estava cansada de ficar ali. Suas perninhas gordas começavam a doer, e as mãos já estavam paradas há minutos. Apoiadas no encosto do sofá, que usava como ajuda para continuar de pé. Já havia conseguido soltá-lo algumas vezes, mas, naquele momento, ele lhe era bem útil. Só que – ressaltando – começava a ficar cansada. Estava com tédio.

Mamãe! – Exclamou para qualquer uma delas.

Da maneira mais manhosa, e mais parecida com a palavra ‘mamãe’ que conseguiu. Pareceu dar certo por um segundo, quando a mamãe (dois) parou de andar e falar, olhou e sorriu. Então ela falou uma daquelas coisas que não entendia exatamente, mas que sabia significar algo como ‘fique aí quietinha mais um pouco’ e depois voltou a carregar coisas até aquela coisa que havia aprendido como mesa. Grunhiu baixo – não era muito mais fácil do que todas aquelas palavras complicadas? -, irritada com a falta de atenção.

Queria sair dali!

Só então, ainda observando as duas mamães, teve uma idéia. Uma idéia genial. Devagar, soltou as mãozinhas do sofá e conseguiu equilibrar seu próprio peso nas duas pernas. Riu animada, e nem pôde perceber que acabara de imitar perfeitamente a risada que queria. O próximo passo era mais difícil. A coisa mais difícil que já fizera. Não era apenas o próximo. Era, literalmente, o primeiro passo. Ergueu para frente e devagar uma das pernas, cheia de animação ao menor sinal de seu possível sucesso. Depois fez o mesmo com a outra.

Ok, até que não era tão difícil.

Para ajudar, percebeu que abrir os braços ajudava no equilíbrio. Conseguiu imitar o gesto mais quatro ou cinco vezes quando, de repente, seu corpo pendeu para o lado. Tentou recuperar o controle, mas foi impossível. Caiu. E o ‘mamãe’ seguinte veio acompanhado do choro manhoso pela dor da queda – e por ter fracassado.

– SOFIA! – Mamãe exclamou preocupada.

Largou as coisas sobre a mesa e correu até ela. Mas antes que chegasse, a outra mamãe a segurou pelo braço. Olharam-se por alguns segundos e falaram algumas coisas, até que a mamãe numero dois se abaixasse. Naquela mesma distância. Quase instantaneamente, parou de chorar.

O que ela estava fazendo?

– Venha cá, pequena. – Mamãe murmurou, estendendo os braços.

E repetiu mais algumas vezes, até que a pequena levantasse – com todo o esforço do mundo – e voltasse a se equilibrar. As duas sorriram, e mesmo que não entendesse o que exatamente significava todos aqueles ‘parabéns’, sabia que elas estavam orgulhosas. Mesmo que também não soubesse o que significava estar orgulhosa.

Demorou mais alguns minutos e alguns tombos e alguns equilíbrios para conseguir chegar até elas. Quando chegou, foi recebida pela mamãe com palavras animadas e um abraço gostoso. Mamãe numero um apenas observou por alguns instantes, um brilho forte no olhar. Depois ela se juntou ao abraço.

O melhor do mundo!

Percebeu, então, que a dor e a frustração de cair não importavam tanto. No final, quando sentisse o abraço caloroso das mamães e a simples sensação de prazer por ter conseguido, valeria a pena. E se tivesse ficado lá apoiada no sofá, apenas esperando, o que teria ganhado?

3 comentários:

  1. O primeiro passo sempre deve ser feito... Por mais dificil q seja *-* Mt lindo Léo.. Parabens =D

    ResponderExcluir
  2. eu quero ter um filho, mimimi

    ok, passou a vontade
    mas o texto ficou fofo^^

    ResponderExcluir