quarta-feira, 20 de outubro de 2010

love and stars

Fazer tatuagem dói? Dói. Dói pra caralho horrores. É basicamente o mesmo que ter a pele arranhada por um compasso repetidamente e muito mais rápido, em especial na parte da pintura. Mas é uma dor (não digo boa porque não faz sentido) que é suportável e vale muito à pena. Eu particularmente acho que tatuagens – dependendo do desenho e da região – dão um charme a mais às pessoas. E sou muito narcisista com relação às minhas. Sou apaixonada por elas.

A primeira eu fiz em 2008 (se não me engano) e ganhei de presente de quinze anos. Sim, meus pais deixaram tranqüilamente. Ela não doeu tanto – de verdade – só um pouquinho na hora de pintar a estrela. Está escrita em russo, a tradução significa ‘todo o meu amor’ e eu tenho que ouvir coisas como tá escrito ao contrário?’ ou professores engraçadinhos dizendo que tem um 3,14... O tempo inteiro. É o nome de uma música da banda russa t.A.T.u. e isso me influenciou a escolher. No fundo não tem nada a ver com a banda, é só uma homenagem para quem tem todo o meu amor rs. Se eu não tenho medo de me arrepender? Não, não tenho. Não tive em nenhum momento, mesmo neste ano (poucos entenderão rs), principalmente porque considero a tatuagem parte da minha história. Uma parte que eu não quero esquecer, tudo dando certo ou errado, então quando eu for velhinha olharei meu braço e me lembrarei dessa época.

A segunda eu fiz em 2010 e também ganhei de presente de aniversário. De dezessete anos. Ela doeu, doeu MUITO. Eu não podia me mexer, só podia respirar nos intervalos e... Doeu demais. E eu ainda tinha que ignorar pessoas olhando pros meus peitos me olhando o tempo todo. Adoro. Mas eu faria de novo. É a minha preferida, na verdade. São dez estrelas que contém as cores do Arco-íris. As cores mostram um pouco do que eu sou (hihi).

Um detalhe engraçado é que, dependendo de onde você faz a tatuagem, você se fode BONITO pra tomar banho. Eu sofri com as duas, uma porque não podia usar um dos braços durante o banho e a outra porque é muito difícil não molhar o ombro. A segunda foi mais complicada porque eu também não podia erguer muito o braço, nem fazer movimentos bruscos, nem colocar a alça da mochila (ou do sutiã) em cima e tudo o mais. Mas – de novo – vale à pena e rende umas histórias engraçadas.

ps: Resolvi criar uma tag pra posts não literários aqui no blog. Ela provavelmente não será usada com muita freqüência, porque eu não gosto muito de falar como eu mesma no lugar de alter egos ou personagens. Sinto-me meio exposta demais, embora os textos já digam mais do que seria necessário sobre mim, para pessoas observadoras (ou nem tanto rs).

domingo, 17 de outubro de 2010

The best lies are told with fingers tied.

– Não importa mais.

– Por que não?

– Porque você já esqueceu.

Francamente. Essa foi a coisa mais ridícula que você já me disse, e olha que você já me disse uma quantidade de coisas ridículas e impensadas incontável. Como você pode dizer isso? Como você pode acreditar nisso? Pensei que tivesse aprendido a ler meus olhos em cinco anos – mas você continua a ver apenas o que quer. Como eu poderia te esquecer, pelo amor de Deus? O seu perfume continua vivo em cada parte do meu apartamento, preso no estofamento dos sofás, nos lençóis, nos objetos, nas minhas roupas. Em mim. Cada (maldita) vez que fecho os olhos, quase consigo enxergar o seu sorriso. A sua risada escandalosa. Quase posso te enxergar correndo pelo meu apartamento como uma criança, usando óculos em algum formato idiota e rindo com meu meio-irmão mais novo. Suas bochechas corando de raiva quando alguém vence você no videogame ou conta uma piada sobre a França. Seus olhos queimando os meus sem algum motivo aparente. Todo dia quando vou dormir você volta a estar dormindo, quente e preguiçosa, entre os meus braços. Sua respiração volta a fazer cócegas em meu pescoço e você volta a me provocar como se estivesse sendo tão inocente – e eu volto a achar isso quase tão doce quanto provocante. Você volta a suspirar sob meus lábios e suas mãos voltam a apertar e arranhar minhas costas. E quando eu acordo você não está realmente lá. Eu acordo e tenho que ouvir algo como isso – que eu já te esqueci. A coisa mais ridícula do mundo. Será que você nunca vai perceber, francesa idiota, que eu te amo e que eu nunca vou poder te esquecer?

– Tem razão. Não importa mais.

ps: histórinha TOTALMENTE fictícia dessa vez :B É S/N e eu tive a idéia dormindo (pra variar), então corre o risco de ser apagada em breve (eu tenho crise de postar lawrich aqui no blog e depois apagar), maaaaaaaas XD comentem ;3

sábado, 16 de outubro de 2010

she will be loved

De longe, seus olhos podem muito bem ser negros. Completamente, como o cabelo. De perto, variam. Variam como ela. Sempre em tons castanhos, às vezes mais claros ou escuros. Dependem do humor, da luz, do dia. Como ela. É a garota mais instável que eu já conheci.

Apaixonada por filmes, prefere os de terror sangrentos num dia, suspense psicológico no outro e comédia romântica no seguinte. E isso para comentar apenas sobre os filmes. De música gosta o tempo inteiro, invariavelmente. Até toca alguns instrumentos. E canta. Sempre gostei da voz dela. Também é apaixonada por livros, futebol e fotografia. Gosta de fotografar o mundo e se torna um tanto narcisista ao voltar a câmera para si mesma. É a melhor escritora que eu conheço.

É relativamente simples e mais apegada à família do que geralmente demonstra. Sente falta da infância, de ter maior atenção do pai e é muito preocupada com a mãe. Duvido que sobreviveria sem seu irmão. Caseira e politicamente correta. Têm uma ligeira aversão à cerveja, cigarro e drogas. Não costuma sair à noite com freqüência, não gosta de pessoas folgadas e não concorda em ficar só por ficar. Fiel em todos os sentidos – aos amigos, a um relacionamento e a si mesma.

Possui uma mania irritante de apaixonar as pessoas – até a mim. Criativa, comunicativa e extremamente falante. Dona de uma facilidade invejável de se expressar, tanto pelas palavras ou fala quanto pelo rosto. Nada tímida e muito brincalhona. Apaixonada pelos amigos e muito preocupada com eles. Geralmente sincera e bastante engraçada. Gosta de se divertir com eles, em qualquer hora e em qualquer lugar. Nada decidida e um pouco confusa.

Por ser seletiva e ter preguiça social, soa arrogante ou metida aos desconhecidos, talvez realmente seja um pouco assim. E nunca negou isso. Irrita-se com uma facilidade imensa e tem o humor instável. É um tanto quanto possessiva e ciumenta com objetos e pessoas. Orgulhosa e extremamente teimosa. Organizada. Não gosta que mexam em suas coisas, não gosta de emprestar livros e não gosta de pessoas efusivas demais. Odeia ser pressionada. Não gosta de muitas coisas.

Inteligente e extremamente critica. Gosta de debater sobre assuntos importantes e sabe defender suas opiniões como ninguém, embora saiba aceitar as dos outros. Preocupa-se com questões ambientais e com política, é muito madura e nenhum pouco fútil. Gosta de manter as coisas sob seu controle. Aprecia o silêncio e precisa dos momentos apenas seus. Uma mulher forte e independente. Auto-suficiente.

No fundo, continua a ser uma menina – e eu espero que sempre continue. Manhosa, extremamente carente e muito carinhosa. Tende a ser retardada quando está com sono. Seus olhos são geralmente doces e extremamente óbvios – ao menos para mim. É uma chantagista e manipuladora emocional exímia. Preguiçosa, discreta e romântica. Gosta de ser mimada, gosta que alguém cuide dela, gosta de receber atenção total. Um tanto quanto lenta. Implica e irrita para demonstrar amor.

Têm mania de morder e é dona dos sorrisos mais encantadores. Das gargalhadas divertidas aos lábios curvados para o lábio de maneira tímida, maliciosa ou prepotente. É a pessoa que tem a pele mais naturalmente quente que eu já conheci, talvez por isso tenha um abraço tão gostoso. Dorme em cinco minutos se alguém lhe acaricia o cabelo, é sensível e não gosta de ser contrariada.

Nada perfeita e ainda assim – talvez exatamente por isso – a única pessoa capaz de conseguir o dificil ato de chamar minha atenção e de me fazer querer conhecê-la, amá-la e cuidá-la durante seis anos. E ainda é pouco.

O pior de tudo? Ela tem cheiro de morango. Morango é meu maior vicio.

PS: Não gostei nadinha e não descrevi como queria rs daria pra colocar muito mais coisa u.u algumas não coloquei a proposito, algumas eu não soube direito onde ecaixar o rs mas né u.u desisti e vai assim mesmo ;3

Feels Like Home

O coração dela batia como um louco. Rápido, insano, descontrolado. As mãos mais quentes do que as de qualquer outra pessoa que eu já tivesse conhecido envolveram minhas costas e os lábios queimando tocaram gentilmente os meus. Sentindo sua respiração – quente como toda ela – eu repousei a palma da minha mão sobre sua bochecha, deixando as pontas dos meus dedos a acariciarem no cabelo com carinho. O silêncio durou alguns minutos em que os lábios se reencontravam e afastavam, preguiçosos. Então ela desatou a falar. Rápida, insana e descontrolada. Ri e fechei os olhos, sonolenta, enquanto tentava acompanhar o fluxo de suas palavras e meus pensamentos acabavam se perdendo em meus próprios sentimentos. Eu me sentia em casa. O lugar ao qual pertencia.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

hero & vilain

4:40 am. Não sei o que escrever. Odeio escrever à mão. Não sei por que quero escrever sobre amor novamente, é repetitivo demais e prefiro ser repetitiva com meu novo alter ego (vide Lights and Fear). Talvez porque sempre preferi os vilões. Meu alter ego que representa o lado bom é pateticamente romântico e chato, como quase todos os mocinhos.

Nem sei que linha de raciocínio estou seguindo.

Meu travesseiro está com cheiro de amaciante. E morango. O morango que eu já deveria ter enfiado no fundo da gaveta para que pare de impregnar o quarto e eu possa manter o restante da minha sanidade. Mas eu gosto do cheiro. É familiar e quente – não espero que alguém entenda. Faz com que eu me lembre de noites completamente diferentes desta. Noites quentes e repletas de risadas. E sussurros. E toques. E beijos. E carinhos. E cumplicidade. E certeza. E paz. E que acabam.

Sempre pedi para que não acabem, mas nunca fui atendida. Pelo contrário, elas sempre parecerem passar ainda mais depressa. Mas sou teimosa e continuarei a pedir. Quem sabe, um dia, elas se tornem eternas como já são em minha mente.

Meu alter ego anti-herói está querendo vomitar agora.


ps: parte de um texto escrito provavelmente quase dormindo, pq não lembro de escrevê-lo UDHSAONDSADSA depois penso sobre postar o outro rs comentem e_é

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #playingjigsaw

Sentimentos me irritam. É por isso que eu tento evitá-los – assim como as pessoas. Irrita-me o fato de perder o controle sobre eles quando menos espero. Eles se tornam incômodos e, quanto mais tento mantê-los em minhas mãos, mais eles fogem. Sentimentos me irritam. É por isso que me livrei de todas as pessoas que me faziam senti-los. Resta o vazio. Algumas pessoas se vêem desesperadas diante dele. Eu, particularmente, admiro. Principalmente porque posso mantê-lo sobre meu controle. Eu o domino.

Foi um sentimento – cabe a você descobrir qual – que me levou àquela casa desconhecida. Eu estava sob o controle dele e não podia mais argumentar que não queria fugir às regras – minhas regras. Eu não tinha escolha. Eu precisava matar. Por mais que eu não conhecesse o seu medo; por mais que eu sequer o conhecesse direito. Então eu usei a desculpa perfeita para enganar a mim mesma e me convencer definitivamente: Eu não conhecia os medos, mas eu podia – segundo minhas recentes descobertas – ser o seu medo. E, acredite, foi divertido.

Seus olhos se abriram para o escuro da luz baixa. Assustado, fitou-me. Eu brincava, mais uma vez, com o punhal nas mãos. A lâmina quase chegava a me cortar. Sorri para você e seus olhos se arregalaram. Você estava assustado, mas assustado não me era o suficiente. Esperei, em silêncio, enquanto você tateava as paredes de vidro que o prendiam apertado, sem poder se pôr de pé ou erguer completamente as mãos. Quando você tentou se mover mais e sentiu que estava preso pelo – eu odeio essa palavra – pênis, arregalou os olhos. O medo começou a surgir e eu sorri. Guardei o punhal e, calmamente, tomei um gole de meu suco de morango. Eu não ia me cortar. Não por você – você nunca fez parte das minhas vitimas. Foi apenas uma diversão.

– Você assistiu ao filme jogos mortais? – Seus olhos se voltaram para mim. – Quando eu era mais jovem, o jigsaw foi um dos meus serial killers preferidos. Eu gostava do que ele fazia, sabe? Dar uma chance às vitimas. Naquela época, tive uma idéia (modéstia parte) genial. Sempre esperei por uma oportunidade e, como você não faz parte das minhas vitimas normais, posso brincar um pouco. Mas não vou falar toda aquela coisa de live or die, make you choice. Sinto muito, mas é muito drama para a minha mente. Eu odeio drama, e você?

Eu estava tagarelando alegremente enquanto você tentava livrar seu órgão sexual do pequeno buraco que o prendia; fazendo metade dele pender para fora da máquina onde estava preso. Eu precisei rir sozinha. Lembra-se de como mencionei o quanto foi divertido?

– Você está preso numa máquina de pipoca, caso queira saber.

Dei de ombros, levantando-me e levando meu copo comigo. Tomei outro gole, passando a ponta da língua sobre os lábios e sentindo o gosto do morango. Aproximei-me o bastante para apoiar o nariz no vidro, bem próximo do seu rosto e, com a mão livre, girei um botão do lado de fora da máquina. O barulho como o de um fogão ligando e o fogo surgindo sobre uma pequena panela de metal aberta sobre sua cabeça ecoou pelo lugar. Sorri mais.

– O óleo, quando esquentar, começará a respingar. As laterais do vidro são bem lacradas, caso esteja se perguntando, e eu tenho óleo o suficiente para encher toda essa máquina. Há um pequeno botão ao lado de sua mão esquerda, basta girá-lo para que as trancas de uma das laterais se abram e você esteja livre.

Falsa esperança. Outra de minha sensações preferidas. Afastei-me apenas um pouco do vidro, observando-o com atenção. Você começou a girar o botão, mas sentiu os dois lados da navalha afiada pressionando seu pênis. O pequeno corte que surgiu veio seguido dos primeiros respingos de óleo, atingindo suas coxas nuas e deixando marcas avermelhadas sobre sua pele. Você gritou e eu sorri.

– POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? – Gritou, choramingando.

Eu gosto quando vocês – em especial os homens – fazem isso. Transformam-se. De homens poderosos à menininhas chorosas em alguns minutos. É quase – quase – melhor do que o medo que posso sentir e quase tocar. Seus gritos retornaram e eu simplesmente fechei os olhos; apreciando-os. Era o seu querido órgão sexual contra a sua vida. Já diria o jigsaw, embora eu tenha dito que não falaria isso: Make your choice.

– Desculpe-me, é uma questão complicada. – Eu suspirei, como se realmente estivesse chateada por não poder contar meus motivos. – E você não tem muito tempo.

Demorou alguns minutos. Alguns minutos de choro, lágrimas e pedido de misericórdia. Minutos de suco de morango, prazer e medo. Minutos de gritos. Então, finalmente, o barulho seco das navalhas e os seus gritos aumentando ainda mais. Ao menos não me desapontou. Seu pênis, separado do corpo, caiu no chão. Em seguida, um dos vidros laterais e então seu corpo. Caiu de joelhos, sobre os cacos de vidro, fazendo mais parte de seu corpo sangrar. Olhou-me como se pedindo misericórdia, gemendo alto de dor, e eu sorri.

– Acha mesmo que eu o deixaria sair? – Perguntei, rindo. – Eu disse que gostaria de brincar de Jigsaw, querido, não que queria imitá-lo. Além do mais...

Retirei o punhal do bolso, repousando o copo de suco no chão, e me aproximei de você por trás. Você tentou evitar, mas foi em vão. Puxei-o pelo cabelo curto, fazendo seu rosto se inclinar para trás e aproximei os lábios de seu ouvido. Num movimento rápido, afundei o punhal em sua garganta. O ferimento o impediria de gritar, mas não era o suficiente para uma morte rápida.

– Eu odeio sons altos e seus gritos me irritam. – Murmurei, largando-o no chão, para morrer lentamente.

E em silêncio. Nada melhor que o silêncio.


ps: acho que os meninos acharão essa postagem mais tensa do que as meninas rs

ps²: ele não faz parte das vitimas normais (baseadas nos meus amigos), mas TODAS as vitimas são baseadas em pessoas reais #dik

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

lights: off. fear: on #3

Gostaria que ela tivesse sido a última – como foi a melhor, mas as coisas não são simples assim. Não me entendam mal. Ela sempre será a minha preferida, mas eu precisei continuar. Eu precisei sentir o aroma, o sabor e a loucura do medo novamente. Do medo alheio, antes que o meu próprio me dominasse. Não se trata de obsessão, de prazer ou de diversão. Trata-se de p r e c a u ç ã o. Nada mais (pelo menos depois dela).

O corredor estava escuro e a minha cadeira, mais uma vez, postada ao lado de uma mesinha de vidro com uma grande de taça de suco de morango. Morango e medo. Nada melhor. Sua consciência retornou exatamente quando e como eu havia previsto: Lentamente. A luz forte postada sobre a mesa cirúrgica em que você estava amarrada fez seus olhos sensíveis doerem, obrigando-lhe a fechá-los. Você tinha uma opção: Cega pela luz ou pela escuridão. A escolha não me importava nenhum pouco. Você não me importava – apenas o seu medo.

O desconforto nasceu dois segundos depois. O que está acontecendo? Perguntou-se, tentando inutilmente soltar as mãos acorrentadas à mesa gelada. Então o desconforto se converteu naquilo de mais admirável, mas primitivo e mais sincero em um ser humano: O medo. O medo do desconhecido, da morte, da incerteza. E enquanto eu me deliciava com ele, deixei a lâmina afundar em minha coxa pela terceira vez.

A ardência foi leve e o sangue escorreu pela pele branquíssima, enquanto eu erguia o punhal até a parede de pedra logo ao meu lado. Arranhei a parede, provocando um chiado baixo e – para você – ameaçador. Silêncio. Sua respiração ofegante. Um gole de suco para mim. Arranhei novamente. Protegida pelo escuro atrás de você, observei seu rosto girar de um lado para o outro, agitado. De onde vinha aquele barulho? Havia alguém a espionando? Você estremeceu só de pensar na possibilidade.

– QUEM ESTÁ AÍ? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? APAREÇA!

Seu desejo é uma ordem, pequena garota. Peguei a mascara apoiada no chão e encaixei na cabeça, deixando meu precioso suco de morango para trás enquanto o som do meu salto a deixava angustiada. Alguém estava se aproximando. Eu estava. Ergui uma das mãos à lâmpada – a outra ainda segurando o punhal – e afastei um pouco, permitindo-lhe ver. Ver a mim. O grito de horror ficou preso em seus lábios quando seus olhos azuis esverdeados se arregalaram e você se encolheu. Pela primeira vez, eu era inteiramente o medo de alguém e aquela foi uma sensação boa.

– Diga-me, o que te faz sentir medo? – Perguntei.

A máscara brincou com você. O cabelo vermelho, desgrenhado, um tufo de cada lado de minha cabeça. O rosto de cera pálido e vazio possuía uma rachadura no que seria uma das bocehchas. O grande contorno vermelho nos lábios que formavam um sorriso deformado, o nariz gigante e redondo da mesma cor e os babados coloridos em torno do meu pescoço. Poderia ser cômico para qualquer um – mas não para você. A única coisa verdadeiramente minha eram os olhos, brilhando ameaçadores, insanos, por trás da máscara. O mesmo olhar que você sempre vira dos homens que se fantasiam de alegria.

– Medo de palhaços. – Comentei, descontraída, girando o punhal nos dedos à altura de seus olhos. – Eu te entendo nisso. Você vê a verdade por trás das máscaras, é por isso que os teme tanto. Agora, tente não se mover, okay? Não quero te machucar.

Mentira. Mas nunca me importei com mentiras. Apoiei a ponta da lâmina em sua coxa nua, subindo-a devagar pelo seu corpo, sem cortar. Eu não havia tocado em minha última vitima simplesmente porque eu não conseguiria machucá-la. Mas você? Um sorriso marcou meus lábios quando seu corpo estremeceu sob a lâmina que eu agora subia pela sua barriga, contornando os seios, quase sendo carinhosa. Então parei exatamente sobre o ombro. E afundei.

O sangue manchou a sua pele e a minha. Meu sorriso de palhaço estava há dois centímetros do seu rosto enquanto seu corpo arqueava o máximo possível e você gemia de dor. Eu ri. Alto. Deixei o punhal cravado em sua pele e estendi as mãos até seu rosto, encobrindo sua boca e seu nariz. Impedindo-a de respirar. Você se debateu, evitando meus olhos quase tão maníacos quanto a mascara que eu usava. Eu estava prestes a me perder.

– Medo de morrer asfixiada. Que bobinha. – Sorri. – Tantas maneiras piores de morrer.

Seu corpo se debateu por alguns segundos, você gemeu alto e tentou se livrar das minhas mãos, a dor lhe consumindo enquanto seu pulmão gritava por ar. Nada de animais desta vez – eu estava mudando o meu modo de agir? Um pouco. Detesto repetições. Eu poderia encontrar outra vitima para voltar a usar os animais. E o principal continuava ali: O escuro e o medo.

Afastei-me do corpo, a adrenalina momentânea começando a se converter em tédio novamente. Joguei a mascara para o lado – como eu odeio palhaços! – e sentei-me para terminar o meu suco, os braços ainda sujos de sangue. A diferença foi que, quando seu coração parou de bater sob as minhas mãos, eu não estava apenas causando o seu medo. Eu fui a personificação dos seus medos até o seu último segundo de vida. Essa nova descoberta me agradou.


ps: já que virou uma série, resolvi me aprofundar mais na personagem e não só nas vitimas. 'Ela' à quem a personagem se refere no começo do texto é a última vitima.

ps²: Acho que esse não ficou tão amedrontador rs Foi algo mais tortura fisica do que emocional, mas foi o que a vítima em questão me contou em off (e eu acrescentei algumas coisas, óbvio :p)

ps³: Espero que tenha ficado bom/aceitável como os outros dois ;-; comentem, quem não comentar será a próxima vitima (e se já foi, eu mato de novo! iariariar)