Férias de inverno. O tumulto da cidade trocado por um lugar tranqüilo. Da última vez fora a casa no campo, então, era vez da praia. Quatro e quinze da manhã. Duas taças de vinho. Frio, muito frio. Insônia. Um notebook ligado. Num quase nada, o silêncio quase completo, o escuro quase total e tudo quase perfeito.
Da cadeira em frente à escrivaninha, através da enorme janela-parede, podia ver quase toda a cidadezinha. A lua cheia tentava iluminar, mas o breu continuava e, no horizonte, o céu e o mar se confundiam. A luz do farol de uma das ilhas – que Viktor amara desvendar, imaginando-se num filme de ação ou suspense – formava um feixe longo pela água e as ondas agitadas pelo vento que trazia uma tempestade das feias quebravam com barulhos contínuos na areia. Os postes iluminavam as ruas e todas as casinhas que formavam um conjunto oval e não muito grande tinham suas luzes apagadas. A cidade inteira dormia. Exceto ela.
Uma trovoada cortou o céu, iluminando tudo por apenas alguns segundos, enquanto o vento uivava, e ela desviou o olhar para dentro do próprio quarto. Sorriu. Na cama, uma loirinha de dois anos dormia enroscada numa mulher. Levantou-se, caminhou até lá e a pegou no colo. Sofia resmungou, sem acordar, e tombou o rosto no peito da – outra – mãe.
O quarto para onde a levou ficava logo ao lado. Deitou-a cuidadosamente no berço, encobrindo-a, e sorriu novamente ao observá-la por alguns minutos. Instinto maternal. Deixou a luz de um abajur acesa e deu uma espiada – só para checar! – no quarto da frente. Nele, um rapazinho de quase nove anos dormia profundamente sob um edredom do Toy Story. O livro aberto no chão e a mão pendendo para fora da cama a fizeram rir em silêncio. Just like mom. Colocou o livro de volta na estante e empurrou o braço para debaixo do cobertor. Um beijo na testa e então podia dormir em paz: Eles estavam seguros.
Fechou o notebook, encostou a porta e, ao deitar, abraçou-a pelas costas. Dormindo, ela estremeceu com a trovoada e virou-se de frente, aconchegando-se mais em seus braços. Sorriu, apertando-a contra si enquanto erguia uma das mãos para acariciar-lhe o cabelo. Certas coisas nunca mudam.
– Shhh... – Murmurou. – Eu estou aqui.
Férias de inverno. Quatro e meia da manhã. Uma tempestade. Duas crianças lindas. Frio, muito frio. Insônia. Um abraço protetor. Num quase nada, o silêncio quase completo, o escuro quase total e tudo quase perfeito. Ou melhor: Tudo perfeito.
ps: titulo retirado da música Somos quem podemos ser - Engenheiros do Hawaii
ps²: conseguir escrever é um bom sinal, doutor?
é um ótimo sinal *-*
ResponderExcluirlindo, tranquilo e... EU QUERO O EDREDOM DO TOY STORY!
aqueles xD
Que lindo, Léo *-*
ResponderExcluirVictor é mais legal que Viktor, ok HOADSIHDASHIASDHOADS
ResponderExcluire só vale se for um japinha :/
:*
aaaaah, que fofo *-*
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