sábado, 9 de abril de 2011

A menina e a flor

O céu amanheceu cinza hoje. O centro da cidade parece um lugar fantasma, ninguém caminha pelas ruas irregulares de paralelepípedo e as fachadas dos casarões antigos transformados em vendas e bares estão fechadas. Há uma sensação de solidão pairando no ar. Sento-me num banquinho de madeira na praça principal, instalado sob um carvalho gigante cujas raízes racham parte das calçadas. Seus galhos se contorcem em dezenas de direções sobre a minha cabeça enquanto as folhas produzem um farfalhar continuo ao serem castigadas pelo vento. Cruzo as pernas. Puxo a jaqueta para mais perto do corpo para me proteger do frio e olho para a construção que se ergue à minha frente: Não é imponente ou poderosa como os prédios atuais feitos com milhares de janelas de vidro, mas tem uma beleza singular. As paredes são simétricas, as portas gigantes de madeira possuem detalhes entalhados à mão e a pintura está um pouco gasta. Por dentro, a igreja matriz da cidade é ainda mais bonita e cheia de detalhes. Suspiro. Há uma sensação de nostalgia pairando no ar. Não sei se gosto ou não de toda esta sensação, todos estes pensamentos. Há certa paz e certa inquietude crescendo em mim ao mesmo tempo.

Do outro lado da praça, vejo uma garotinha caminhando. O cabelo castanho e liso está solto, há apenas um arco mantendo sua franja longe do rosto. Ela usa apenas um vestidinho azul bebê e uma rasteirinha branca, mas não parece sentir frio. Não deve ter mais de cinco anos, será que está perdida? Ergo as sobrancelhas ao vê-la se aproximando de mim. Há algo de familiar em seus traços, como se eu já a conhecesse, mas não consigo me lembrar de onde. Ou de quando. Quando ela chega perto o suficiente, percebo que carrega algo numa das mãos. Uma pequena flor.

– Oi? – Hesito ao perguntar.

– Oi. – Ela sorri de maneira doce. – Trouxe para você.

– Hm... Obrigada.

– É para que você não esqueça que nunca está sozinha.

Minha surpresa faz seu sorriso aumentar. Abaixo o olhar para examinar a flor que agora está em minhas mãos por apenas alguns segundos e, ao reerguê-lo, não a encontro mais em lugar nenhum que meus olhos possam alcançar.

3 comentários:

  1. owwwwwwwwwwwwwwwnnnnnnn *-* amei amei amei

    As vezes a coisa mais simples como uma flor nos traz surpresas inacreditáveis *o*

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  2. Ficou muito bom,só de imaginar a cena me trouxe uma paz imensa.
    Parabéns

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  3. q fofo, mas
    È UMA CILADA NOSSA PQ NOSSA ELA É UM FANTASMA E CORRE NEGA!
    brinqs, adorei a ambientação e tals

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